O que é a Chopard, marca das joias enviadas para Michelle Bolsonaro
Assessor de ex-ministro teria trazido em mochila colar, anel, relógio e brincos avaliados em R$ 16,6 milhões
Rihanna, Julia Roberts, Eva Herzigova, Marion Cotillard e Mariah Carey. Esses são apenas alguns dos nomes das celebridades que costumam ostentar, em ocasiões especiais, alguma joia da Chopard, marca do conjunto de brilhantes que o governo da Arábia Saudita enviou de presente para o então presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Como revelou o Estadão, as joias não chegaram às mãos do casal presidencial, por terem sido detidos na alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, durante uma tentativa de entrada irregular dos itens milionários no País.
Marca de origem suíça reconhecida mundialmente por seus itens de luxo, a Chopard foi fundada em 1860, por Louis-Ulysse Chopard, um dos mais reconhecidos relojoeiros suíços do mundo.
O Estadão apurou que as joias enviadas pelo regime saudita ao casal Bolsonaro continham, inclusive, um certificado minucioso da Chopard, detalhando exatamente a sua origem e as peças contidas.
Em 2018, a atriz brasileira Bruna Marquezine foi notícia ao utilizar um colar de mais de R$ 3 milhões em Cannes, na França, durante uma festa da Chopard. Em maio do ano passado, a atriz Elle Fanning também esteve em Cannes, com um laço de diamantes na Chopard no cabelo, um colar de coração de diamantes e uma pulseira de diamantes.
O valor exato do jogo de joias de diamantes que a cúpula do governo brasileiro trazia em sua bagagem sem declarar à Receita Federal ainda não foi devidamente detalhado. Quando os itens foram identificados pelos agentes da Receita Federal e apreendidos por falta da declaração de importação, o valor estimado pelos fiscais para as joias, em uma consulta feita na internet, indicou que se tratava de peças com preço de aproximadamente US$ 1 milhão. Posteriormente, em análise mais acurada sobre as joias, a estimativa subiu para cerca de US$ 3 milhões, equivalentes a R$ 16,5 milhões.
Como revelou o Estadão, as joias estavam prestes a serem leiloadas pela Receita Federal, depois de quatro tentativas frustradas de Bolsonaro em reaver os itens. A Receita decidiu paralisar a oferta, porque as joias passaram a ser enquadradas como provas de possíveis crimes.
Bolsonaro tentou, de todas as formas, reaver as joias, com ações realizadas por meio de seus ministérios e de seu próprio gabinete. Foram quatro tentativas frustradas, envolvendo o gabinete presidencial, três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores) e militares.
A última ocorreu quando faltavam apenas três dias para o presidente deixar o mandato, em 29 de dezembro.
O ex-presidente autorizou um funcionário do governo a pegar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) naquele dia e desembarcar no aeroporto de Guarulhos, dizendo que estava ali para retirar as joias. "Não pode ter nada do (governo) antigo para o próximo, tem que tirar tudo e levar", argumentava o militar, segundo relatos colhidos pelo jornal. A viagem foi autorizada pelo próprio Bolsonaro, conforme mostram documentos oficiais.