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O que é o Brexit? Entenda a polêmica saída do Reino Unido da União Europeia com esta e outras 10 questões

O Parlamento britânico rejeitou mais uma vez os planos da primeira-ministra, Theresa May, para o Brexit.

29 mar 2019 - 15h32
(atualizado às 15h38)
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A União Europeia e o Reino Unido acabam de assinar um acordo que prevê os termos da saída dos britânicos do bloco regional
A União Europeia e o Reino Unido acabam de assinar um acordo que prevê os termos da saída dos britânicos do bloco regional
Foto: AFP / BBC News Brasil

O Parlamento britânico rejeitou mais uma vez os planos da primeira-ministra, Theresa May, para o Brexit. A proposta, que definiria regras para a saída do Reino Unido da União Europeia, recebeu 286 votos a favor e 344 contra - resultado que amplia o impasse sobre o processo.

A derrota de May significa que o Reino Unido perdeu o prazo dado pela União Europeia para que pudesse prorrogar o processo do Brexit e negociar um acordo para deixar o bloco em 22 de maio.

May, agora, tem até 12 de abril para tentar esticar as negociações e evitar uma saída sem acordo.

Mas o que exatamente é o Brexit? A BBC News reuniu uma série de perguntas e respostas para você finalmente entender do que trata.

O que é Brexit?

Brexit é uma abreviação para "British exit" ("saída britânica", na tradução literal para o português). Esse é o termo mais comumente usado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.

O que é União Europeia?

É um grupo formado por 28 países europeus que praticam livre comércio entre si e facilitam o trânsito de seus nacionais para trabalhar e morar em qualquer parte do território. O Reino Unido se tornou parte da União Europeia - na época chamada de Comunidade Econômica Europeia - em 1973.

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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Por que o Reino Unido está deixando o bloco?

Num referendo em 23 de junho de 2016, os britânicos foram perguntados se o Reino Unido deveria permanecer ou deixar a União Europeia. A maioria - 52% contra 48% - decidiu que o país deveria deixar o bloco. Mas a saída não aconteceu de imediato, foi agendada para o dia 29 de março de 2019.

O que aconteceu desde então?

O referendo foi apenas o começo de um processo. Desde então, negociações foram feitas entre o Reino Unido e os outros países da União Europeia.

As discussões se centraram nos termos desse "divórcio", que definiriam como seria essa saída do Reino Unido, não no que ocorreria após essa "separação". A proposta apresentada por May é conhecida como "acordo de retirada".

A primeira-ministra apresentou ao Parlamento britânico planos que definiriam as regras para a saída, mas eles foram rejeitados três vezes.

O que faz parte do acordo?

O rascunho desse acordo de retirada do Reino Unido da União Europeia inclui:

- O valor que o Reino Unido deverá pagar à União Europeia por quebrar o contrato de parceria: cerca de 39 bilhões de libras (R$ 191 bilhões)

- O que vai acontecer com cidadãos britânicos que moram em outros países europeus e com os europeus que moram no Reino Unido: cidadãos europeus que já estejam no Reino Unido antes do Brexit e do fim do período de transição poderão manter os atuais direitos de residência e acesso a serviços públicos (o mesmo vale para britânicos que moram em países da UE)

- Sugere uma forma de evitar o retorno a uma fronteira fechada entre a Irlanda do Norte (que é parte da Grã Bretanha) e a República da Irlanda (que é um país independente que faz parte da União Europeia)

Um período de transição foi proposto para permitir que Reino Unido e União Europeia formulem um acordo de comércio e para permitir que empresas se organizem.

Isso significa que, se o "acordo de retirada" recebesse sinal verde, não haveria qualquer mudança na situação atual até o dia 31 de dezembro de 2020.

Outro documento bem mais curto foi elaborado com uma previsão de como será o futuro relacionamento entre Reino Unido e União Europeia. Trata-se de uma declaração política. Mas nenhum lado precisará se fiar exatamente no que prevê esse documento - é apenas um conjunto de intenções para as futuras negociações.

O que vai acontecer agora?

Uma carta de 'intenções' também foi assinada por líderes europeus para basear as negociações sobre o futuro das relações Reino Unido-União Europeia
Uma carta de 'intenções' também foi assinada por líderes europeus para basear as negociações sobre o futuro das relações Reino Unido-União Europeia
Foto: AFP / BBC News Brasil

A derrota de May significa que o Reino Unido perdeu o prazo dado pela União Europeia para que pudesse prorrogar o processo do Brexit e negociar um acordo para deixar o bloco em 22 de maio.

May afimou que o Reino Unido precisa encontrar "uma forma alternativa de seguir adiante". Segundo ela, o resultado da votação desta sexta-feira é "motivo de grande lamentação".

"Temo que estejamos chegando ao limite deste processo nesta Casa", disse a premiê.

A maioria do Parlamento se opõe ao chamado Brexit "duro". Isso significaria a saída do Reino Unido sem um acordo com a União Europeia que pudesse amenizar os efeitos da retirada do país do bloco. Parlamentares planejam votar propostas alternativas na segunda-feira.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, que faz oposição a May, pediu a renúncia da primeira-ministra e a convocação de eleições.

O parlamentar Steve Baker, que integra o Partido Conservador, o mesmo de May, também disse que a premiê deveria deixar o cargo.

"Essa tem de ser a última derrota do acordo de Theresa May. Acabou. E nós precisamos seguir adiante."

Parlamentaresm pró-Brexit questionam se o acordo garantirá, de fato, a retomada do controle das fronteiras do território britânico
Parlamentaresm pró-Brexit questionam se o acordo garantirá, de fato, a retomada do controle das fronteiras do território britânico
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O que acontece se o Reino Unido deixar o bloco sem um acordo?

O "no deal" (sem acordo) significa que o Reino Unido falhou em encontrar um consenso sobre os termos de sua saída do bloco. A princípio, isso significaria não haver um período de transição após o Brexit - neste caso, o Reino Unido cortaria todos os laços com a União Europeia de um dia para o outro.

O governo já começou a fazer um planejamento para preparar o país para essa hipótese mais radical. Publicou, por exemplo, uma série de orientações que abarcam desde passaportes para bichos de estimação ao impacto no fornecimento de energia.

Theresa May tentou convencer Parlamento a aprovar acordo com a UE em três ocasiões, mas não teve sucesso
Theresa May tentou convencer Parlamento a aprovar acordo com a UE em três ocasiões, mas não teve sucesso
Foto: OLIVIER HOSLET/AFP / BBC News Brasil

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, diz que seria um "desastre nacional" se o Reino Unido deixasse a União Europeia sem um acordo. Mas alguns parlamentares defensores do Brexit minimizam o impacto do "no deal" e defendem uma ruptura clara com o bloco europeu.

Há mais alguma coisa que eu deva saber?

O futuro da fronteira entre a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, e da República da Irlanda, membro da União Europeia, é um dos pontos mais delicados das tentativas de acordo para viabilizar o Brexit.

O governo britânico teme que a restituição de pontos de checagens de passaportes e mercadorias na divisa entre os dois países - a chamada "fronteira dura" - traga à tona antigas tensões entre irlandeses e norte-irlandeses.

O acordo de paz de 1998 pôs fim a três décadas de conflito entre nacionalistas, que queriam a integração com a Irlanda, e unionistas, que queriam continuar fazendo parte do Reino Unido. O acordo contempla a ausência de barreiras físicas.

Embora Londres e Bruxelas tenham concordado em não fixar uma fronteira "dura" após o Brexit, o grande obstáculo foi definir os termos dessa divisão.

Conforme a proposta apresentada anteriormente por May, se não houvesse qualquer tipo de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, uma "rede de segurança" - chamada de backstop - passaria a vigorar automaticamente.

Assim, a Irlanda do Norte continuaria alinhada com algumas das normas do mercado único da União Europeia - algo que gera descontentamento em parte dos membros do Partido Conservador e do Partido Unionista Democrático.

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