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O que podemos aprender com a onda de demissões da Globo?

As empresas e os funcionários precisam tirar lições das ondas de demissões

15 abr 2023 - 06h15
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Foto: Reprodução

Nos últimos dias tem sido discutida a onda de demissões de jornalistas renomados da TV Globo, que supostamente consideravam ter uma posição estável, seja por sua profundidade técnica ou mesmo renome, muitas vezes construído na própria emissora ao longo de anos.

É preciso lembrar que estamos diante de um fato mais do que normal atualmente: toda e qualquer empresa ― até mesmo as ONGs ―, precisam de rentabilidade para se manterem perenes. Não à toa, muitas reestruturações têm ocorrido em empresas de pequeno porte e nas maiores ― e globais. E vamos combinar, isso não é nenhuma novidade, correto?

Apesar do “mimimi” latente de muitos acreditarem ser um exagero a demissão de tantos profissionais sêniores, eu preciso salientar, até como headhunter que sou, ou seja, o famoso “caça-talentos”, que essa é uma máxima sem volta. Líderes que prezam pela perenidade das companhias precisam constantemente repensar o bussiness e até mesmo avaliar se faz sentido e qual o valor agregado de cada colaborador, bem como quais resultados cada um tem entregado.

O que você tem feito para se tornar indispensável?

E aí eu pergunto à você que lê este artigo: o que você faz todos os dias, para se tornar indispensável ou, pelo menos, se manter onde está? É preciso trazer tal reflexão aos profissionais, do estagiário ao presidente, pois se você não se tornar interessante, quanto aos conhecimentos técnicos e comportamentais (soft skills), seus dias podem estar contados onde trabalha, e seu nome entrar para as próximas listas de demissões.

Vale ressaltar que o conhecimento está  mais disponível, especialmente com o avanço do contexto digital. Profissionais saem do anonimato cada vez mais rápido e ganham força como influenciadores. 

A notícia, que era privilégio de algumas editorias (televisões, rádios ou revistas), hoje circula de forma instantânea, não precisa mais vir de alguém de renome ou com chancela de uma grande empresa. Claro que aqui cabem outras análises, como por exemplo o cuidado quanto às fake news, por editorias/editores que não possuem credibilidade. 

O mundo tem mudado e não há como negar. A forma como as pessoas consomem as notícias também e vai mudar cada vez mais.

Diante de tais fatos, torna-se essencial promover a disrupção, experimentar o novo, sobretudo estar antenado às principais tendências de mercado e, claro, com escuta ativa ao que o cliente quer.

Falta de empatia pesa na hora de demitir

É importante destacar que, em um processo de demissão, vários nomes são analisados. Não é um sorteio para se decidir quem será demitido, mas, sim, análise de várias questões, desde performance, comportamento no dia a dia e até mesmo empatia.

Algo que parece ser tão básico tem destruído muitas carreiras. Não é pequena a lista de profissionais que crescem na carreira e deixam o ego dominar suas atitudes, perdendo, assim, a empatia, a atitude de se colocar no lugar do outro, com escuta ativa e até mesmo conexão com as pessoas.

E qualquer empresa – digital ou não ― precisa do tão falado engajamento do seu público consumidor, pois sem engajamento não há marca poderosa. Nem mesmo a empresa mais tecnológica se mantem de pé sem as pessoas. Se as retirarmos, o que fica nas empresas? Apenas móveis e tecnologias. Logo, entender este contexto traz clareza do real papel de cada um e suas respectivas entregas em cada posição.

O passado é importante, pois nos trouxe até aqui, mas não podemos ficar preso a ele. Os resultados entregues, os prêmios recebidos, as conquistas feitas e tantas outras coisas não nos chancelam e não nos seguram em nossas atuais posições. Sendo assim, todo dia é um dia novo. Diariamente precisamos nos preocupar quanto à nossa credibilidade, imagem e resultados.

E em época de extrema polarização, cada vez mais latente, é preciso controle emocional e ponderação para expressar nossa opinião. Uma palavra colocada no lugar errado ou em um contexto inadequado, e o mundo digital entra em ação para jogar nossa imagem ralo abaixo. Por isso é tão importante refletirmos sobre qual imagem temos projetado nas pessoas, sobretudo como temos nos posicionado, especialmente em temas polêmicos.

O perigo da juniorização das empresas

Evidentemente as empresas precisam ter sempre a atenção quando à juniorização. Também não é pequena a lista de companhias que têm demitido profissionais mais sêniores, logo com salários maiores, substituindo-os por profissionais mais júniores e, consequentemente, mais baratos. 

Se são posições técnicas, por exemplo, o risco é enorme, pois perde-se a maturidade necessária para a respectiva tomada de decisão, especialmente em contextos complexos, como crises de mercado ou quando a empresa não vai muito bem financeiramente. Sendo assim, a estabilidade é proporcional à sua competência.

Mas não podemos nos esquecer: o processo inverso também tem sido cada vez mais frequente, ou seja, profissionais que demitem suas empresas em busca de ambientes mais saudáveis, lideranças menos tóxicas ou porque estão em ambientes onde não é possível colocar suas competências à disposição no dia a dia. Tal qual a empresa decide, o profissional também escolhe onde quer estar. O poder está compartilhado, o que a meu ver é muito interessante e necessário.

Mudanças. Em um mundo cada vez mais complexo, ambíguo, volátil e incerto é preciso estar aberto ao novo, sobretudo viver o hoje intensamente, com felicidade e equilíbrio. E a você, que foi demitido: não é o fim do mundo, mas uma oportunidade de buscar novos caminhos, novos conhecimento e, claro, novas experiências.

(*) David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países pela Agilium Group; é conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral; além de conselheiro da ABRH-MG, ACMinas e ChildFund Brasil. 

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