O que torna o Rio de Janeiro a capital da inovação na América Latina?
Iniciativas fluminenses estão prontas para liderar o mercado
Para encerrar o ciclo de 6 artigos até a conferência Rio.Futuro, em 15 de agosto, focamos na evolução da cidade que vai sediar o evento: o Rio de Janeiro.
Em junho de 2023, o Global Startup Ecosystem Report 2023 (GSER2023) da Startup Genome, listou o Rio de Janeiro como ecossistema emergente mais promissor para startups na América Latina. Este reconhecimento valida minha experiência própria. Eu cheguei no Rio de Janeiro em dezembro de 2014 e criei a primeira edição da conferência Rio.Futuro em 2017 (o Terra é parceiro do evento, inclusive). Naquela época, percebi que o Rio tinha muitas qualidades para abraçar uma ambição renovada como centro de inovação e tecnologia, realidade cada vez mais forte.
O Rio de Janeiro tem algumas vocações históricas que estão sendo ampliadas. Turismo vem automaticamente na mente quando se trata do Rio de Janeiro, com imagens de praia, prédios históricos e samba. Pode adicionar turismo executivo ligado à tecnologia. Em maio deste ano, a primeira edição do Web Summit Rio juntou mais de 20.000 pessoas, quando o Rio Innovation Week está preparando sua terceira edição em outubro de 2023 para mais de 120.000 pessoas. Podemos citar muitos outros eventos de peso como a primeira edição da Expo Favela Innovation de junho de 2023, o Blockchain Rio Festival em Setembro de 2023 ou o próprio Rio.Futuro. E sem falar dos inúmeros "Digital Nomads" (pessoas trabalhando remotamente) que você pode encontrar na cidade toda e que se beneficia do visto de nômade digital.
Uma outra imagem popular é vinculada às telenovelas e à produção audiovisual. A indústria criativa é um dos pilares mais importantes da economia fluminense e da cidade, com empresas audiovisuais, mas também milhares de marcas de moda, produtoras de teatro, música etc. A carioca Vtex, plataforma de marketing e unicórnio (startup avaliada em mais de 1 bilhão de dólares), facilita a transformação digital de inúmeras lojas, empresas e marcas.
Por fim, outra vocação forte do Rio é a energia. Sede da Petrobras (que patrocina a conferência Rio.Futuro) e muitas outras empresas de energia como Eletrobras ou Naturgy, a cidade combina empresas e startups que focam no desenvolvimento de soluções de eficiência energética e pavimentam o caminho para um futuro mais limpo e eficiente. Vemos emergir ao redor startups que cuidam do meio ambiente como a MORFO, startup de reflorestação dos espaços deteriorados, que escolheu o Rio de Janeiro como sede no Brasil. Outro exemplo é a canadense Auper Motorcycles que anunciou em julho que pretende investir 2.5 bi de reais em negócios para produzir motos elétricas no Rio. Além da própria energia, a cidade se transforma em polo da economia verde, o que o BNDES, sediado no Rio, apoia e estimula, financiando projetos bilionários.
Porém, a cidade tem vocações menos conhecidas como capital da matemática com o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Centro de excelência mundial, o IMPA é parte do projeto POMAR - Porto Maravalley que a prefeitura vem promovendo. Com a reabilitação de um centro de 10.000 metros quadrados, o projeto coloca o holofote na região do centro entre a Roda Gigante e a Rodoviária para revitalizar a área, atrair empresas com incentivos fiscais ligados ao ISS e criar um novo polo de inovação. O projeto conta com o apoio do programa da famosa universidade MIT (Massachusetts Institute of Technology) através do MIT Reap, do qual o Rio participa.
A lista é longa, mas não podemos esquecer da aposta da cidade e das empresas cariocas querendo liderar o futuro do dinheiro e das finanças. Startups de web3, blockchain e crypto Umas das emblemáticas sendo a Hashdex que co-criou o Nasdaq Crypto Index com a própria NASDAQ (bolsa de valores dos EUA) e abriu um novo espaço que promete se tornar um dos epicentros do ecossistema carioca, o Hashtown.
O Rio de Janeiro ainda tem caminho pela frente para integrar o top 30 dos ecossistemas mundiais de startups do ranking da Startup Genome. Muito está a ser feito, mais progressos foram alcançados e vemos uma maturidade cada vez maior do ecossistema com interações entre grandes corporações, poder público, startups e mundo acadêmico. As apostas na inovação e economia verde estão dando frutos com essas empresas abrindo o caminho.