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OCDE: Brasil ocupará lanterna de crescimento por dois anos

1 jun 2016 - 07h27
(atualizado às 12h12)
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OCDE diz que recessão vai se agravar no Brasil em 2016:

O Brasil é o país que deverá sofrer, neste ano, a maior queda do PIB entre todas as 44 economias analisadas por um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quarta-feira.

Já em 2017, o Brasil deve ser o único país da lista - que inclui os 34 países membros mais dez países "parceiros", entre eles Índia, China e África do Sul - a registrar retração do PIB.

Este ano, apenas outras duas economias, além do Brasil, devem ter retração. Nas previsões da organização, o PIB brasileiro deve cair 4,3% em 2016. Na Grécia o recuo deve ser de 0,2%, e na Rússia, de 1,7%.

"A recessão profunda no Brasil deve continuar em 2016 e 2017 em um contexto de grande incerteza política e revelações contínuas de casos de corrupção que pesam sobre a confiança dos consumidores e das empresas e provocam uma diminuição persistente da demanda interna", diz o estudo, intitulado, "Perspectivas Econômicas da OCDE".

Segundo a organização, "profundas divisões políticas reduziram a probabilidade de aceleração das reformas a curto prazo e a dívida pública continua aumentando".

A OCDE faz uma ressalva em relação a 2017, afirmando que, como o cenário político tem forte incidência sobre os resultados econômicos, "se as incertezas em torno das políticas públicas se dissiparem mais rapidamente do que suposto e se houver um consenso em relação às reformas, então a confiança pode melhorar rapidamente e pode haver crescimento em 2017", diz o documento.

"Ao mesmo tempo, profundas divisões políticas poderiam fazer a instabilidade durar até 2018", diz a OCDE, afirmando que isso dificultaria a aplicação de políticas econômicas necessárias para tornar o crescimento econômico perene no Brasil.

Desemprego deve aumentar, diz grupo
Desemprego deve aumentar, diz grupo
Foto: Agência Brasil

"O processo de destituição da presidente está em curso e um governo de transição foi constituído. No entanto, a incerteza e a instabilidade no plano político continuarão provavelmente na atualidade", diz o estudo.

Nesse cenário, afirma a organização, o crescimento do PIB brasileiro será negativo neste ano e no próximo "na ausência de sinais tangíveis de uma recuperação da demanda interna".

Inflação

O desemprego, prevê o estudo, deve continuar aumentando em razão da contração da economia.

Já a inflação deverá continuar recuando em razão da atividade econômica fraca, mesmo assim deve se manter bem acima da meta neste ano (a OCDE prevê inflação de 9,2% em 2016) e deve retornar progressivamente em 2017 à faixa de tolerância, que é de dois pontos percentuais para cima ou para baixa do centro da meta (4,5% neste ano).

Apenas o crescimento das exportações deve permanecer vigoroso, beneficiado por uma taxa de câmbio mais competitiva.

O desempenho do setor empresarial pode contribuir para o agravamento da situação. "As falências se multiplicam em empresas de todos os tamanhos e esse número pode aumentar no futuro", diz o estudo.

A continuidade da desaceleração da economia chinesa é outro fator que pode pesar no crescimento econômico brasileiro.

A OCDE estima que o PIB chinês deverá crescer 6,5% neste ano (após aumento de 6,9% em 2015). Para 2017, a previsão é de 6,2% de expansão.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, José Serra, que participa da reunião ministerial da OCDE nesta quarta e quinta-feira, afirmou na terça-feira em Paris que a economia brasileira "está em fase de superação", com perspectivas de aumento do consumo e dos investimentos devido à diminuição das incertezas "do que poderia acontecer" no país.

Segundo a OCDE, o crescimento do PIB mundial deve permanecer "fraco" em 2016, com aumento de 3%, equivalente ao do ano anterior, e deverá registrar uma progressão "modesta" apenas em 2017, onde a previsão é de crescimento de 3,3%.

"Oito anos após a crise financeira mundial, a retomada permanece fraca e continua decepcionante", afirma a OCDE, que alerta também para o fato de que "riscos de instabilidade financeira também persistem".

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