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Ociosidade da economia contém impacto do dólar na inflação e nas expectativas, dizem analistas

6 jun 2018 - 14h46
(atualizado às 15h40)
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A recente valorização do dólar para o atual nível de 3,8 reais pode adicionar de 0,6 a 0,7 ponto percentual na inflação deste ano, mas ainda não suficiente para contaminar as expectativas de mais longo prazo e provocar preocupações com a política monetária por conta da alta ociosidade na economia, de acordo com especialistas consultados pela Reuters.

Notas de dólar norte-americano e real
07/11/2016
REUTERS/Ricardo Moraes
Notas de dólar norte-americano e real 07/11/2016 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

O limiar para desencadear mudanças na política monetária estaria na barreira de 4 reais, com o dólar permanecendo acima desse patamar, cenário que ainda é considerado improvável.

"Os preços mais sensíveis à atividade econômica continuam bem deprimidos, como os de serviços. Os industrializados dependem mais do câmbio mas a demanda é um fator importante, e a retomada do mercado de trabalho continua bastante lenta", avaliou o analista de inflação da consultoria Tendências, Marcio Milan, projetando a alta do IPCA ao final deste ano a 3,7 por cento.

O dólar deixou para trás o patamar de 3,25 visto no início do ano mas, de acordo com especialistas, nada que ameace a meta de inflação deste ano, de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Com a pesquisa Focus realizada pelo BC apontando que o mercado vê o dólar recuando para 3,5 real até o final do ano, o cenário atual por enquanto também não mostra potencial para afetar as expectativas.

A não ser que o dólar entre em uma espiral forte de valorização e ultrapasse o patamar de 4 reais, estabilizando-se acima disso.

"Acima de 4 reais, o grau de desaquecimento da atividade continua servindo como freio, mas de forma menos eficiente. Aí justifica apreensão com relação à dinâmica de inflação e consequentemente de política monetária", afirmou a economista-sênior do Santander Tatiana Pinheiro.

Nesse cenário, entrariam em cena a deterioração da confiança e questionamentos sobre a solvência fiscal, explicou Tatiana, exigindo outra postura do Banco Central quanto à política monetária, com altas da taxa básica de juros, algo visto recentemente na Turquia e na Argentina.

Nas últimas semanas, o dólar tem registrado sucessivas altas frente ao real com temores que vão desde a possibilidade de o banco central dos Estados Unidos subir seus juros mais do que o esperado à indicação de que um candidato à Presidência no Brasil com perfil que agrade aos investidores pode não vencer as eleições deste ano.

Por enquanto, o BC tem outros instrumentos para lidar com a apreciação do câmbio, como os swaps cambiais que já vêm sendo utilizados ou leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), ou mesmo o uso de reservas internacionais.

"Todos esses instrumentos vêm antes de uma eventual alta dos juros. E, diferentemente de outros momentos, temos espaço na economia para deixar o câmbio andar. Não temos nem atividade nem inflação pressionadas e não vejo motivos para o Brasil usar os juros para tentar segurar o câmbio", afirmou o economista do banco Votoramtim Carlos Lopes.

No Focus, a expectativa para o IPCA ao final deste ano é de uma alta de 3,65 por cento, indo a 4,01 por cento em 2019, com a taxa básica de juros Selic respectivamente nos atuais 6,5 por cento e 8 por cento. [nL2N1T60AZ]

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