OMC alerta sobre risco de guerra comercial
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, alertou nesta segunda-feira (05/03) sobre o risco de uma guerra comercial consequente de decisões protecionistas e afirmou que um conflito deste tipo poderia levar o mundo a uma "profunda recessão".
"À luz dos recentes anúncios sobre medidas de política comercial, é claro que agora vemos um risco muito maior e real de desencadear uma escalada de barreiras comerciais em todo o mundo", afirmou Azevêdo, numa reunião especial que tratou das recentes tensões comerciais após a decisão dos Estados Unidos de anunciar um aumento nas tarifas de importação de aço e alumínio.
"Não podemos ignorar este risco e peço a todas as partes que considerem e reflitam profundamente sobre esta situação. Uma vez que tomarmos esse caminho, será muito difícil mudar de direção. O olho por olho nos deixará todos cegos e o mundo em profunda recessão", acrescentou o diplomata brasileiro.
Após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, vários países anunciaram que não ficariam com os braços cruzados e que estabeleceriam tarifas e barreiras comerciais a produtos dos Estados Unidos, o que fez crescer o medo generalizado de uma guerra comercial mundial. Em resposta, o Trump disse que as guerras comerciais "são boas e fáceis de vencer".
"Temos que fazer um esforço para evitar a queda das primeiras peças do dominó. Ainda temos tempo", destacou Azevêdo, mostrando a profunda preocupação da OMC, o órgão que rege o comércio mundial, com o atual impasse.
Taxação e protesto
Trump anunciou na quinta-feira que pretende impor tarifas de 25% nas importações de aço e 10% nas de alumínio, materiais que são essenciais para os setores de construção e manufatura. Em justificativa à ação, ele afirmou que as taxas protegem os produtores americanos e devem fomentar a criação de postos de trabalho.
A União Europeia (UE) e diversos países, como China, Brasil, México, Canadá e Índia, alertaram que a decisão dos EUA pode provocar um efeito dominó e pedem que o governo americano reveja a taxação.
No Brasil, o anúncio de Trump provocou um protesto nesta segunda-feira em frente ao Consulado dos EUA em São Paulo e levou a suspensão dos serviços consulares, incluindo a emissão de vistos.
Organizado pela Força Sindical, o protesto contra a taxação do aço e do alumínio reuniu um pequeno grupo de manifestantes. A central sindical afirma que a decisão americana vai afetar a produção e a criação de empregos no Brasil.
A polícia militar fez um cordão para impedir a entrada de pessoas no local. O consulado suspendeu as atividades e afirmou que os vistos que seriam emitidos nesta segunda-feira serão remarcados.