Guedes não foi à CCJ para não dar munição a críticas
Avaliação também foi que o ambiente na Câmara ainda está ruim depois da crise entre o deputado Rodrigo Maia e o presidente Jair Bolsonaro
A articulação política para adiar a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência pública na Comissão de Constituição sobre a reforma da Previdência começou na segunda-feira à noite, conduzida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Segundo o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), Guedes se comprometeu a estar presente na sessão do colegiado da próxima quarta, dia 3.
A avaliação política foi de que a audiência, sem a definição do relator da reforma na CCJ, "serviria de palco" para a oposição e parlamentares insatisfeitos dos partidos da base aliada atacarem o ministro durante a sessão desta terça-feira, 26.
Além disso, o clima no Congresso continua azedo ainda como reflexo dos desdobramentos da crise com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro, o que alimentaria os ataques ao ministro.
Segundo apurou o Estado, Guedes foi aconselhado a não ir à comissão com o argumento de que não fazia sentido o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), partido do presidente, ouvi-lo para escolher o relator.
Para interlocutores do ministro, a oposição e outras lideranças estão aproveitando o adiamento para "deixar crescer o tema". Foi uma decisão para não expor a imagem do ministro, avaliou uma fonte da área econômica.
Senado
Guedes estará na quarta-feira em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para falar sobre a dívida dos Estados. Ele deve também ser questionado sobre pontos da reforma da Previdência pelos senadores. O ambiente no Senado, porém, deve ser menos hostil do que na Câmara.