Brasil está perto de ter bolsa voltada a pequenas empresas
Grupo americano aguarda autorização da CVM para inaugurar novo mercado de capitais no País
ATS Brasil, empresa criada a partir da associação do Americas Trading Group (ATG) com a bolsa de Nova York NYSE Euronext, aguarda autorização da CVM para operar novo mercado de ações
A Americas Trading System Brasil (ATS Brasil) encaminhou na segunda quinzena de junho um pedido de autorização na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a abertura de uma nova bolsa de valores no Brasil. É a primeira solicitação oficial para uma nova bolsa brasileira, além da Bovespa. O prazo de análise da CVM é de 90 dias, mas o período pode ser prorrogado de acordo com as exigências feitas pelo órgão regulador. De acordo com a ATS Brasil, uma vez concedida a autorização, o início das operações deve ocorrer em 2014.
De acordo com o economista e analista do Empiricus Research Rodolfo Amstalden, a iniciativa será positiva para a economia do País. No entanto, diz que ainda há um longo caminho a ser percorrido entre o anúncio e a operação de uma nova bolsa. “Não será da noite para o dia que surgirá um novo player no mercado”, afirma.
A ATS Brasil foi criada a partir da associação do Americas Trading Group (ATG) com a bolsa de Nova York NYSE Euronext, detentoras, respectivamente, de 80% e 20% da empresa. Na época do anúncio da parcerias para atuar no mercado brasileiro (novembro do ano passado), o grupo divulgou investimento inicial de US$ 100 milhões, para conquistar 15% do mercado acionário brasileiro até o final do segundo ano de operação.
PMEs
Em maio deste ano, a NYSE Euronext anunciou a abertura da EnterNext, seu mercado voltado às pequenas e médias empresas (PMEs) com capital inferior a 1 bilhão de euros. Quando foi criada, a EnterNext já contava com a participação de mais de 750 PMEs. Devido à crise europeia, a EnterNext foi fundada para auxiliar a capitalização e desenvolvimento das menores empresas daquele continente, com um modelo de listagem adaptado às necessidades delas.
O presidente da ATS Brasil, Alan Gandelman, vem afirmando que o Brasil possui um potencial inexplorado nessa área. Amstalden concorda: “Em outros países emergentes, a participação de pequenas e médias empresas é mais comum. Vemos por exemplo China e Austrália com milhares de empresas em bolsa, enquanto aqui ainda estamos nas centenas” - em junho, o número de empresas listadas na Bovespa era 469.
O economista observa que investir em pequenas e médias empresas não representa um risco maior do que nas grandes. Ele explica que o risco do investimento em PMEs está associado à qualidade das informações fornecidas aos investidores, bem como à existência de um modelo de negócios sólido e facilmente compreensível para o mercado, no caso das empresas maiores. Por outro lado, Amstalden avalia que PMEs podem representar uma oportunidade de valorização acentuada: “O processo de crescimento pode ser brutal em algumas PMEs”.
Bovespa Mais
Amstalden lembra que, com a chegada da nova bolsa, “a própria Bovespa deve, com isso, acordar, ativando o seu Bovespa Mais, que está operando, mas ainda de maneira muito tímida”, afirma.
Em junho, o presidente da Bovespa, Edemir Pinto, apresentou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, proposta que prevê isenção fiscal sobre o imposto de renda incidente em ganhos de capital do investidor nesse segmento - hoje a alíquota para pessoa física é de 15%. O objetivo da proposta é melhorar o desempenho do Bovespa Mais, segmento de acesso da bolsa paulista voltado a PMEs criado há oito anos que tem apenas quatro empresas listadas: Nutriplant, Desenvix, Senior Solution e Nortec Química.