Entenda por que os sites chineses cobram tão mais barato
Os produtos chineses são famosos por sua variedade e seus preços baixos, vantagens que os brasileiros já estavam acostumados a encontrar em bazares e lojas de R$ 1,99, e mais recentemente também na internet. Nos sites de vendas chineses é possível encontrar brinquedos, xampu, roupas, acessórios para carro, maquiagem, artigos eletrônicos... Enfim, de tudo. E, para comprar, basta ter cartão de crédito e esperar pelo prazo de entrega, que costuma ser de, no mínimo, dois meses.
De acordo com um estudo realizado pelo serviço PayPal, a China já é o segundo país preferido pelos consumidores brasileiros ao comprar em sites estrangeiros, atrás apenas dos Estados Unidos. O comércio eletrônico é um dos setores que mais cresce na China, e só no primeiro semestre deste ano já gerou 4,98 trilhões de yuans - equivalente a cerca de US$ 816 bilhões.
Segundo o professor do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec) Gilberto Braga, há diferentes motivos que explicam a diferença de preços entre os produtos chineses e os demais. Em primeiro lugar, estariam os custos de fabricação, muito mais baratos do que os brasileiros. “Eles produzem em escala muito maior, o que determina diferentes mixes de produtos e de despesas. As leis trabalhistas também são menos rígidas, o que determina um custo de mão de obra mais baixo e não têm a mesma carga tributária elevada sobre a produção e o lucro como no Brasil”, afirma.
Além dos preços baixos, um diferencial que a maioria dos sites chineses apresenta é o fato de não cobrar pelo frete, mesmo para países distantes como o Brasil. Braga explica que, como costumam trabalhar com volumes elevados, normalmente as empresas chinesas mantém convênios com companhias aéreas e de navegação, o que pode justificar a ausência de taxas de entrega, em algumas situações, mesmo quando o pedido é de pequena quantidade.
Cuidados
De acordo com o professor do Ibmec, o risco de se comprar em um site chinês é, em teoria, o mesmo de se comprar de qualquer site estrangeiro. “O julgamento quanto à confiabilidade do vendedor será sempre do comprador e pelo fato do site estar no exterior, não terá a cobertura que teria se tivesse abrigado pelas leis de consumo válidas em território brasileiro”, afirma.
Para evitar problemas, a recomendação do professor é que o consumidor pesquise sobre o site em que pretende fazer compras, investigando se há muitas reclamações e como eles agem no caso de problemas. Como o custo individual dos produtos é pequeno, quando há problemas, muitos sites chineses preferem trocar os artigos sem ônus algum. Procedimento que, segundo Braga, é inspirado nos norte-americanos, que estão entre os seus maiores clientes estrangeiros.
Em relação aos impostos, não há grandes diferenças entre os produtos importados da China e os demais. Os produtos sofrem a tributação chinesa, variando de acordo com o produto, o volume e o valor - as taxas costumam ser baixas, e para pequenas compras, menores ainda. Já no Brasil, assim como ocorre com todas as outras compras de produtos estrangeiros, caso o valor das compras ultrapasse US$ 50, passam a ser tributadas pela Receita Federal, com o IPI e o ICMS, o que pode encarecer os produtos em cerca de 60%.