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Os pentamilionários, a nova classe social que não para de crescer no mundo

26 set 2016 - 05h14
(atualizado às 16h17)
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Especialistas estimam que US$ 5 milhões é valor que alguém precisa ter nos EUA para passar o resto da vida sem se preocupar
Especialistas estimam que US$ 5 milhões é valor que alguém precisa ter nos EUA para passar o resto da vida sem se preocupar
Foto: Getty Images

Ser milionário já não é uma exclusividade de poucos.

Apenas nos Estados Unidos, há cerca de 6 milhões de pessoas com ativos avaliados em mais de US$ 1 milhão (a definição de milionário), segundo um estudo conduzido pela consultoria Boston Consulting Group (BCG).

Na China, há 1,3 milhão de milionários. E no Reino Unido, segundo o banco Barclays, um em cada 65 adultos tem ativos de mais de 1 milhão de libras (perto de US$ 1,3 milhões), totalizando 715 mil pessoas.

No Brasil, esse número é menor: 149 mil.

Segundo o banco Credit Suisse, há 33 milhões de milionários em todo o mundo.

Com mais gente no seleto clube, um novo grupo foi identificado por economistas: os chamados pentamilionários.

Trata-se de quem tem ativos de mais de US$ 5 milhões disponíveis para investir. Nos Estados Unidos, 1 milhão de pessoas se encaixam nessa subcategoria.

Segundo o BCG, a cada ano, o número de pentamilionários nos Estados Unidos cresce 5%.

Novos mercados

A cifra de US$ 5 milhões não foi escolhida à toa.

Especialistas estimam que US$ 5 milhões é valor que alguém precisa ter nos Estados Unidos para passar o resto da vida sem se preocupar.

"Há consultores financeiros que se recusam a prestar serviços se o cliente não tiver pelo menos US$ 5 milhões", diz à BBC Tom Wynn, diretor do Spectrem, consultoria especializada em indivíduos de alta renda.

Nos Estados Unidos, o número de pentamilionários reflete o surgimento de uma classe social capaz de viver confortavelmente com o rendimento de seu patrimônio, diferente do resto da população.

E de olho nesses indivíduos abastados, um nicho de mercado também se formou.

"Quando você tem um grupo de pessoas com um volume considerável de recursos, obviamente haverá um impacto em certos segmentos de mercado", diz Wynn à BBC.

Não surpreende, portanto, que a montadora Rolls Royce venda mais de 4 mil carros a cada ano, patamar nunca antes atingido na história da empresa.

Mudança social

E se antigamente esse grupo de milionários era formado quase que inteiramente por homens, a situação atual já mudou.

Segundo a publicação especializada Barrons, há cada vez mais pentamilionárias nos Estados Unidos. Muitas são executivas de grandes empresas, como o Facebook (caso de Sheryl Sandberg, chefe de operações da rede social).

Inclusive, o número global de mulheres bilionárias cresce mais rapidamente que o de homens.

Segundo o levantamento do BCG, os pentamilionários atuais tendem a ser mais jovens do que no passado. Em diversos casos, famílias pentamilionárias combinam rendas altas dos dois cônjuges - uma diferença significativa dos tempos em que apenas o marido tinha altas remunerações.

Mas essa não é a única mudança. Membros do seleto grupo também vêm escolhendo morar em locais diferentes.

Antigamente, eles se concentravam em grandes metrópoles, como Nova York.

Hoje, os pentamilionários já se espalham em um maior número de cidades.

Mas, em outros aspectos, eles são semelhantes às gerações anteriores. A meritocracia é um argumento recorrente ao justificar a riqueza adquirida.

"Quando perguntamos a essas pessoas como elas ganharam dinheiro, elas sempre respondem que trabalharam duro, economizaram e tomaram decisões no momento certo", afirmou Wynn.

Mas há também aqueles que herdaram fortunas.

Segundo a Barrons, nos próximos 20 anos, um valor perto de US$ 1 bilhão será transferido pelos pentamilionários a seus herdeiros.

Trata-se, assim, de uma mudança importante no perfil socioeconômico dos Estados Unidos, tradicionalmente considerado um país de empreendedores, acrescentou a publicação.

Apesar disso, os pentamilionários representam apenas uma a cada 320 pessoas nos Estados Unidos.

E, em um mundo onde a desigualdade social é cada vez mais discutida e problematizada, a crescente expansão desse seleto clube começa a instigar cada vez mais estudos de economistas.

No Brasil, após anos de redução da desigualdade social, a recessão econômica e o desemprego fazem com que a concentração de renda volte a dar sinais de avanço.

E nos EUA, apesar do boom de pentamilionários, grande parte da população ganha menos hoje do que há 16 anos, segundo dados do Censo compilados neste mês pela revista Forbes.

Além disso, um número recorde de americanos - 11 milhões, segundo dados de 2014 divulgados neste ano por um centro de estudos da Universidade Harvard - é forçado a gastar ao menos metade de sua renda apenas com aluguel.

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