PanAmericano paga juros de 27% ao ano em CDB de empresário
O Banco PanAmericano paga atualmente juros de 27% ao ano para uma aplicação de CDB feita por um empresário mineiro, uma taxa quase três vezes maior que o usual para bancos de médio porte (11%), segundo informa a edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo. Com o problema de caixa que exigiu o aporte de R$ 2,5 bilhões de seu principal acionista, o apresentador Silvio Santos, a instituição pretende agora renegociar a aplicação com o empresário.
De acordo com a publicação, Adalberto Salgado, de Juiz de Fora, depositou R$ 386 milhões no banco, que alegou ter aceitado a aplicação porque estava difícil captar fundos com a quebra do Banco Santos. No entanto, o mercado normalmente estipula prazos curtos para estes investimentos de urgência, enquanto o PanAmericano determinou um prazo de 20 anos.
Caso
O Banco PanAmericano anunciou na última terça-feira que o Grupo Silvio Santos, seu controlador, iria aportar R$ 2,5 bilhões na instituição para restabelecer o equilíbrio patrimonial e a liquidez, após "inconsistências contábeis" apontadas pelo Banco Central. A autoridade monetária não forneceu detalhes, mas um processo administrativo de investigação vai apurar a origem e os responsáveis pelo problema de falta de fundos. A injeção de recursos no banco foi feita por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma entidade sem fins lucrativos que protege os correntistas, poupadores e investidores. São as instituições financeiras que contribuem com uma porcentagem dos depósitos para a manutenção do FGC - sem recursos públicos.
A holding do Grupo Silvio Santos colocou à disposição empresas como o SBT e a rede de lojas do Baú da Felicidade, entre outras, como garantia pelo empréstimo, que tem prazo de dez anos. Especializado em leasing e financiamento de carros, o PanAmericano teve 49% do capital votante vendido para a Caixa Econômica Federal em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões. O presidente do BC, Henrique Meirelles, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, e as empresas de auditoria que não verificaram o rombo devem prestar esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Com autorização do BC, as atividades das lojas e o atendimento ao público continuam sem problemas, segundo a instituição.