Parques eólicos da SPIC terão primeiras turbinas produzidas pela chinesa Goldwind na Bahia
Dois novos parques eólicos em construção pela State Power Investment Corporation of China no Rio Grande do Norte receberão em 2025 os primeiros aerogeradores produzidos no Brasil pela também chinesa Goldwind, anunciaram as empresas nesta quinta-feira.
Batizados de Paraíso Farol e Pedra Amolar, os empreendimentos da SPIC terão 17 aerogeradores, somando 105,4 megawatts (MW) de capacidade instalada, e ficarão em Touros (RN). A previsão é de investimentos da ordem de 755 milhões de reais.
As obras devem ser começar em janeiro, e os primeiros aerogeradores devem ser entregues no terceiro trimestre do próximo ano. O início de operação de ambos os parques é esperado para 2026.
A Goldwind instalará no local turbinas com 6,2 MW de potência cada e diâmetro de rotor de 182 metros, sendo os maiores equipamentos do país tanto em tamanho quanto em capacidade, disseram as empresas.
Os aerogeradores da SPIC serão os primeiros produzidos pela Goldwind na fábrica de Camaçari (BA), que foi inaugurada em agosto deste ano e é a primeira unidade da empresa fora da China.
A Goldwind aposta no potencial de geração eólica do Brasil apesar de uma conjuntura de mercado ruim para o setor eólico no Brasil, com desaceleração de novos projetos da fonte devido à sobreoferta de energia, o que afetou toda a indústria fornecedora e levou ao fechamento de fábricas e saída de grandes companhias do país nos últimos anos.
Segundo informações do Ministério de Minas e Energia na época, a Goldwind teria uma capacidade na Bahia de 150 unidades por ano, produzindo equipamentos com potência de 5,3 a 7,5 MW cada. A previsão é de investimentos de 100 milhões de reais pela empresa no mercado brasileiro, a partir do qual poderá exportar para outros países da América do Sul no futuro, disse a pasta.
"Este será o primeiro parque eólico no Brasil a utilizar a turbina Goldwind GW182 e, também, a primeira a ser feita em nossa fábrica. Ao mesmo tempo, será a maior turbina em tamanho e capacidade instalada no Brasil. Esse é um marco significativo tanto para a Goldwind quanto para a SPIC, assim como para o mercado eólico brasileiro", afirmou Liang Xuan, CEO da Goldwind América do Sul.
A fabricante entrou no mercado brasileiro há alguns anos, com um contrato de fornecimento para a geradora CGN, também de matriz chinesa. Enquanto não começava a produzir no país, a empresa vinha ofertando máquinas importadas.
O início da produção em Camaçari dá reforço à indústria eólica brasileira, que nos últimos anos sofreu um enxugamento com a paralisação da fabricação nacional de aerogeradores por importantes multinacionais, como GE e Siemens Energy.
Já para a SPIC, os novos parques eólicos ampliam a representatividade da fonte no parque gerador da companhia, hoje mais concentrado em solar e hidrelétrica, somando um total de 4,06 GW de capacidade instalada no país.
No mês passado, a geradora chinesa anunciou um novo projeto solar em Pernambuco em parceria com a Recurrent Energy, com investimentos de cerca de 400 milhões de reais.
"Todos esses projetos compõem nosso cluster de renováveis no Nordeste. Os aprendizados e inovações implementadas nos novos parques serão importantes para o desenvolvimento de projetos futuros, focando em tecnologia de ponta, sustentabilidade, parcerias estratégicas, capacitação de mão de obra, Pesquisa & Desenvolvimento, entre outros aspectos", disse Adriana Waltrick, CEO da SPIC Brasil.
A companhia possui ainda participação no maior complexo de gás natural da América Latina, GNA (Gás Natural Açu), em São João da Barra (RJ).