PCJ aponta falta de água em SP no pico da estiagem neste ano
Grupo citou dados da Agência Nacional de Águas (ANA)
O grupo de usuários de água Consórcio PCJ afirmou nesta terça-feira que pode não haver água suficiente para rios que ajudam a abastecer o mais importante conjunto de represas para a região metropolitana de São Paulo durante o pico da seca deste ano.
Segundo o grupo, mesmo com o plano do governo estadual para usar o volume útil de água restante e da água abaixo do nível das comportas do Sistema Cantareira, não haverá o bastante para os meses de agosto e setembro deste ano.
O consórcio é um grupo sem fins lucrativos que reúne usuários de águas das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, conectadas ao Sistema Cantareira, que incluem 30 grandes empresas como a cervejaria Ambev. O grupo afirmou em nota à imprensa que a ANA anunciou sua previsão em reunião do Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Sistema Cantareira (GTAG), em Campinas, na segunda-feira.
O grupo foi criado diante da crise hídrica vivida pelo Estado e é integrado por ANA, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo, pelo Consórcio PCJ e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Participam ainda representantes da empresa estadual de abastecimento e saneamento Sabesp. No fim da tarde desta terça-feira, a ANA esclareceu em nota que a reunião não ocorreu no âmbito do GTAG, mas durante um encontro de trabalho que incluiu o DAEE.
No comunicado, a agência afirmou ainda que seus estudos não estão vinculados às previsões do Consórcio PCJ e que a ANA não tem conhecimento das premissas adotadas pelos técnicos do consórcio. A agência não comentou sobre a previsão de falta de água divulgada pelo grupo. Segundo o consórcio PCJ, os estudos apresentados pela ANA indicam que as bacias necessitarão uma vazão média de 7 metros cúbicos por segundo entre agosto e setembro, enquanto a Grande São Paulo precisará de 21 metros cúbicos por segundo. A ANA afirmou que essa é a previsão de demanda para setembro.
Assim, as duas regiões teriam uma demanda de 28 metros cúbicos por segundo no pico da estiagem. Mas, segundo o consórcio, mantidas as médias de vazão de afluência do sistema Cantareira, e somadas ao uso total do volume útil e do volume que está abaixo das comportas de captação, ainda faltariam cerca de 10 metros cúbicos por segundo para abastecer as duas regiões. A análise leva em conta retiradas de água que permitam que as reservas durem até novembro, quando a expectativa é de retorno de chuvas com mais intensidade ao Estado.
O DAEE afirmou em comunicado divulgado na noite desta terça-feira que os cenários para o Sistema Cantareira são reavaliados quinzenalmente e que as projeções de último boletim, relativo a 1 a 15 de maio, indicam manutenção das vazões praticadas em abril. "No entanto, (as vazões) ficam sujeitas à avaliação quinzenal, pelos órgãos gestores, em vista do período de estiagem e da atual situação do Sistema Cantareira", afirmou o DAEE.
Secando
O sistema Cantareira é o mais importante para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo, mas nesta terça-feira exibia nível 8,6% de armazenamento de água, segundo dados da Sabesp. Na semana passada, o volume de água armazenada no sistema caiu abaixo de 10% pela primeira vez, desde a criação do conjunto de reservatórios na década de 1970. O sistema abastece cerca de nove milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vem repetidamente afirmando que não haverá racionamento de água no Estado, apesar da situação de crise hídrica reconhecida pelo governo estadual. A Sabesp não comentou as afirmações do consórcio PCJ. A empresa, porém, divulgou comunicado mais cedo à imprensa nesta terça-feira, afirmando que fez acordo com administradoras de condomínios, imobiliárias, supermercados, bares e restaurantes para "uso racional da água" no Estado.