Perdas do BNDES com grupo Odebrecht podem chegar a R$14,6 bi
As perdas passadas ou potenciais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com operações envolvendo o grupo Odebrecht, que está em recuperação judicial, totalizam 14,6 bilhões de reais, em valores convertidos, segundo comunicado do banco de fomento em seu site nesta segunda-feira.
Desse total, 3,7 bilhões de reais (ou 900 milhões de dólares convertidos pelo câmbio de 25/9/2019) estão relacionados a perdas da União em créditos no financiamento à exportação, uma vez que o Fundo Garantidor de Exportações (FGE) indeniza o BNDES por todos os inadimplementos promovidos por países importadores.
Dos 10,9 bilhões de reais restantes, 8,7 bilhões de reais, consideram perda potencial (máxima), atualizada até maio, corresponde ao valor de exposição total do BNDES em créditos perante as empresas em recuperação judicial do grupo Odebrecht.
Com a venda pelo Sistema BNDES de ações da Atvos, em valores atualizados, a perda efetiva é de 800 milhões de reais. Com a OTP, na qual o banco ainda detém participação, a perda potencial das ações ainda em carteira é de 1,4 bilhão de reais.
Para a União, o custo em operações de crédito com a Odebrecht somou, em valor atualizado, 646,7 milhões no período entre 2003 e 2018. Tal valor resulta da diferença do juro cobrado do grupo pelo BNDES e a taxa básica Selic no momento dos desembolsos.
Em meados do mês passado, ao divulgar dados sobre o modelo de financiamento do Sistema BNDES à exportação de serviços de empresas brasileiras entre 1998 e junho de 2019, o BNDES informou que o grupo respondeu por 76% do total de desembolsos no período que atuaram juntos - no período entre 2003 e 2018.
As modalidades de apoio ao grupo foram oferta de crédito, financiamento especifico à exportação e aquisição de participações acionárias.
No total, o BNDES desembolsou a empresas da Odebrecht 32,9 bilhões de dólares em valores históricos, ou 51,3 bilhões de dólares em valores atualizados pelo IPCA até setembro.
O montante histórico inclui 15,3 bilhões de reais em crédito, dos quais 11,7 bilhões de reais referem-se a financiamentos diretos, em que existe risco potencial de perdas para o BNDES, e 3,6 bilhões de reais em crédito indireto, e que as possíveis perdas são dos agentes financeiros intermediários.
Ainda nesse cenário, a quantia de 16,1 bilhões de reais relaciona-se aos financiamentos à exportação de serviços. O restante de 1,5 bilhão de reais se refere à compra de fatias nas empresas Atvos e OTP. As ações de emissão da primeira já foram vendidas pelo BNDES e, as da segunda empresa citada, não.