Perto de IPO, Caixa alcança R$ 9,5 bilhões com reestruturação em seguros
Após firmar novas sociedades, a instituição estaria próxima de anunciar os futuros sócios nas áreas de saúde e odontologia e também em grandes riscos
A Caixa Econômica Federal já conseguiu garantir R$ 9,5 bilhões com a reestruturação do seu negócio de seguros - passaporte para listar a Caixa Seguridade na Bolsa, o que deve acontecer entre março e abril. Após firmar novas sociedades com a francesa CNP Assurances, a japonesa Tokio Marine e a brasileira Icatu, a instituição estaria próxima de anunciar, conforme fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, os futuros sócios nas áreas de saúde e odontologia e também em grandes riscos.
O valor obtido na reestruturação do seu braço de seguros será fundamental, segundo fontes, na precificação da empresa de seguros da Caixa na Bolsa. A expectativa da gestão atual é de alcançar um valor de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões em uma abertura de capital, com potencial de movimentar R$ 15 bilhões.
Na segunda, 20, a Caixa Seguridade anunciou uma nova parceria, com a Icatu, na área de capitalização. Pela exclusividade do seu balcão durante 20 anos, a companhia receberá R$ 180 milhões da seguradora controlada pela família Almeida Braga.
O negócio de capitalização era uma das áreas com as quais a gestão do banco público estava mais insatisfeita, conforme fontes. O negócio era explorado por três empresas: Icatu, CNP e SulAmérica. Agora, nas mãos do Icatu, a expectativa é que o negócio seja priorizado e ganhe novo fôlego. Entre outras iniciativas, os títulos de capitalização devem ajudar a guinar as receitas da rede de lotéricas da Caixa uma vez que o produto tem tíquete baixo, ou seja, apropriado para o canal.
Anteriormente, a Caixa já havia acertado com a Tokio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast no início do mês, nos segmentos de seguro residencial e habitacional. Irá receber R$ 1,52 bilhão no negócio. Essa sociedade gerou a disputa mais aquecida, uma vez que era considerada a joia da coroa por conta da liderança da Caixa no financiamento imobiliário, com quase 70% deste mercado.
Com a CNP, a relação da Caixa ainda se restringe às parcerias acertadas no ano passado nos ramos de seguro de vida, prestamista (atrelado a crédito) e previdência privada. Com valor de R$ 7,8 bilhões, é o maior negócio fechado. De acordo com fontes, deve parar por aí. Isso porque a CNP não conseguiu arrematar mais nenhum ativo dos quais fez oferta. A última esperança, conta uma fonte próxima à francesa, é o segmento de consórcios. Procurada, a CNP preferiu não comentar.
Caixa Seguridade e os negócios em seguros
- Parceiro: CNP Assurances. Negócio: Seguro de vida, prestamista e previdência. Valor: R$ 7,8 bilhões.
- Parceiro: Tokio Marine. Negócio: Habitacional e residencial. Valor: R$ 1,52 bilhão.
- Parceiro: Icatu. Negócio: Capitalização. Valor: R$ 180 milhões.
No total, além dos negócios acertados com a sócia francesa, a Caixa Seguridade ofereceu mais oito parcerias ao mercado. O próximo anúncio engatilhado, de acordo com uma fonte próxima ao banco, é o de saúde. Também avançam as conversas com uma empresa norte-americana no segmento de seguros de grandes riscos. As negociações envolveriam, segundo duas fontes, também um ressegurador, que faz o seguro das seguradoras, uma vez que os contratos neste segmento são de valores elevados e, consequentemente, os prejuízos também.
Menos avançada, a seleção de um parceiro para atuar na área de assistência 24 horas pode ser uma das últimas anunciadas. A expectativa, conforme uma fonte, é de que o futuro parceiro seja brasileiro.
"A estratégia é aumentar a ênfase na comercialização de produtos de seguridade no canal bancário, buscando aperfeiçoar os serviços prestados bem como a maximização na geração de valor para as acionistas da Caixa Seguridade", disse a Caixa Seguridade, em fato relevante divulgado na segunda.
Nesta semana, a Caixa fez mais um movimento na direção de listar a empresa de seguros na Bolsa. Na segunda, em reunião do conselho de administração do banco público, teria aprovado, de acordo com fontes, a troca no comando da holding. Conforme antecipou o Estadão/Broadcast no último domingo, dia 19, o atual presidente da companhia, Marco Barros, subirá para o comando do colegiado.
Para presidir a Caixa Seguridade em seu lugar, foi escolhido o até então vice-presidente de atacado, Eduardo Dacache. Braço direito do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ele foi selecionado após o trabalho feito na área, que capitaneou a venda de ativos do banco, e é tido como um dos mais qualificados para tocar a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de seguros.
Cartões
O mesmo movimento foi feito na operação de cartões. O novo presidente da Caixa Cartões é o vice-presidente de varejo do banco público, Júlio Cesar Volpp Sierra. Aqui, a ideia também é reestruturar o negócio e levá-lo à Bolsa brasileira ainda este ano. Antes disso, porém, a Caixa precisa bater o martelo quanto aos futuros parceiros no segmento de meios de pagamentos.
Nesse sentido, na segunda, 20, foi formalizada a criação da Caixa Cartões, que vai operar no segmento de maquininhas e ainda deve lançar uma nova bandeira de cartões. "A atuação no mercado de adquirência está alinhada à aspiração de longo prazo da Caixa de alcançar posição relevante e rentável no mercado financeiro e de meios de pagamento", diz o presidente da Caixa, em comunicado à imprensa.
Ainda na alta cúpula, o vice-presidente de agente operador (do FGTS) da Caixa, Paulo Henrique ngelo, passará a responder pela vice-presidência de distribuição. Ele substituirá, conforme fontes, Válter Gonçalves Nunes, que ocupa o cargo e, por sua vez, deve assumir um lugar em uma empresa do conglomerado Caixa.
Nas bastidores, os comentários dão conta de que além de as mudanças terem sido feitas por conta dos IPOs dos negócios da Caixa, também visam a reconhecer aqueles que apresentaram melhor desempenho no banco público no primeiro ano da gestão Guimarães, escolhido para presidir a instituição no governo de Jair Bolsonaro. As mexidas que alcançam ainda diretores da casa devem ser divulgadas na quarta, 22, segundo uma fonte. Isso porque ainda faltaria o aval do conselho de administração das empresas coligadas da Caixa.