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Petrobrás anuncia novo indexador para contratos de venda de gás natural a distribuidoras

Novo índice, conhecido como Henry Hub, é considerado mais estável; mudança ocorre duas semanas após o general Silva e Luna assumir o comando da empresa e está alinhada aos termos no novo marco do gás

3 mai 2021 - 10h27
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BRASÍLIA - A Petrobrás vai passar a oferecer contratos de venda de gás natural às distribuidoras com um novo indexador de preços. O índice Henry Hub, um dos mais conhecidos pontos de negociação de gás nos Estados Unidos, é considerado mais estável, com menor oscilação e diretamente relacionado ao produto - atualmente, a Petrobrás adota o preço do petróleo no exterior, o Brent, como indexador. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 3, pela companhia. Já em vigor, a nova opção garante paridade com preços internacionais.

A mudança ocorre duas semanas depois de o general do Exército Joaquim Silva e Luna tomar posse na presidência da Petrobrás, no lugar de Roberto Castello Branco, no último dia 19. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o militar entra na empresa com o desafio de conduzir a política de preços da companhia, motivo do desentendimento entre o ex-presidente da estatal e Bolsonaro.

A adoção do índice também está alinhada aos termos do novo marco do gás natural, sancionado em abril após anos de tramitação no Congresso e que deve resultar na ampliação de atores que atuam no setor. Até então, a Petrobrás tinha posição dominante no mercado.

Localizado na Louisiana, o Henry Hub é um entroncamento de gasodutos de diversas companhias nos EUA, o que confere competitividade e liberdade aos preços devido à dinâmica de negociação entre vendedores e clientes, que ocorre em um ambiente de Bolsa. O índice é amplamente adotado desde 2016, quando os Estados Unidos passaram a ser exportadores de gás natural, e tem sido referência para contratos internacionais de longo prazo.

A nova modalidade será opcional, ou seja, as distribuidoras não serão obrigadas a aderir. Haverá contratos com horizonte de seis meses e de um a quatro anos - hoje, eles são de um a três anos. Os reajustes permanecerão trimestrais, exceto nos contratos de seis meses, que terão atualização mensal.

As próprias concessionárias têm reclamado da volatilidade do atual índice de reajuste e enfrentado dificuldades para repassar a variação aos consumidores residenciais e à indústria, principal cliente. De acordo com a Petrobrás, os estudos para desenvolvimento de novos modelos contratuais começaram ainda em 2020 na companhia.

Reajuste

No início de abril, a Petrobrás anunciou um aumento de 39% no preço do gás vendido às distribuidoras, com vigência a partir de 1.º de maio. O reajuste foi motivado pela alta do petróleo e do câmbio e também pela inflação medida pelo IGP-M, que reajusta os contratos de transporte.

Os recentes aumentos têm sido alvo de críticas em razão da volatilidade, considerada excessiva. Para se ter uma ideia, entre dezembro de 2019 e outubro de 2020, o preço do gás em dólares recuou 48%.

Apesar da alta recente, o preço do insumo ainda está 8,6% inferior ao patamar de dezembro de 2019 e menor também que o de combustíveis substitutos como óleo combustível, gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP) - mais conhecido como gás de cozinha, vendido em botijões.

Especialistas afirmam que a oscilação excessiva de preços perturba o mercado, o consumo - já que os clientes passam a procurar combustíveis alternativos para fazer frente ao aumento - e até mesmo a perspectiva de investimentos. A chegada de grandes volumes de gás oriundos do pré-sal demanda altos investimentos, e os preços funcionam como lastro para essa produção.

Estadão
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