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Petrobras avalia cobrir oferta de R$ 10 bilhões para assumir controle da Braskem

Outra possibilidade estudada pela estatal seria uma composição com a Unipar; preferência, porém, continuaria sendo pelo controle da companhia petroquímica

13 jun 2023 - 17h54
(atualizado às 18h51)
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RIO - A expectativa da Petrobras é a de se tornar a controladora da Braskem ao final do processo de venda da empresa, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A iniciativa significaria a retomada do projeto original da estatal iniciado em 2007.

A Petrobras tem direito de preferência sobre as ações da companhia petroquímica e poderá cobrir a oferta da Unipar, de R$ 10 bilhões em dinheiro. A proposta foi considerada melhor do que a recebida anteriormente do consórcio formado pela Adnoc (estatal de petróleo de Abu Dhabi) e do fundo de private equity americano Apollo, formada por títulos e debêntures.

A Novonor, antiga Odebrecht, controla a Braskem com 50,1%, enquanto a Petrobras tem 47%. Outros 2,9% de ações ordinárias estão no mercado de ações.

De acordo com uma pessoa próxima ao assunto, a compra da Braskem está sendo tratada como segredo de estado dentro da Petrobras. Mas quem acompanha de perto o desenrolar do negócio prevê que a compra da fatia da Novonor pode acabar sendo feita pela própria Petrobras, com objetivo de agregar valor aos produtos da companhia nas plantas petroquímicas da Braskem.

Outra possibilidade estudada pela estatal brasileira seria uma composição com a Unipar, até para reduzir riscos diante do endividamento da Braskem. Mas a preferência da empresa seria pelo controle, tornando a Petrobras novamente uma empresa integrada.

No governo Bolsonaro, uma eventual venda da participação da Petrobras na Braskem chegou a ser tentada, mas não houve interesse de nenhum investidor e a operação foi suspensa.

Para elevar sua fatia na Braskem, a Petrobras precisava fazer uma revisão no Plano Estratégico da companhia. A estatal não pode fazer oferta por ativos que não estejam no planejamento. Por isso, se apressou para divulgar as diretrizes do novo plano que está sendo elaborado. O objetivo de diversificar o portfólio já faz menção direta a produtos petroquímicos e fertilizantes, o que indica a volta da estatal ao setor.

Em eventual aquisição da participação integral da Novonor, Petrobras ficaria com 97,1% da Braskem
Em eventual aquisição da participação integral da Novonor, Petrobras ficaria com 97,1% da Braskem
Foto: Fábio Motta/Estadão / Estadão

Em 2007, a Petrobras comprou uma pequena participação na Braskem, empresa resultante da fusão de seis empresas do setor, e aos poucos foi crescendo na companhia, até chegar aos atuais 47% de ações ordinárias e 36,1% do capital total.

Em uma eventual aquisição da participação integral da Novonor, a Petrobras ficaria com 97,1% da Braskem. Além dessa fatia, a estatal ainda possui no setor petroquímico a Metanor, líder na produção de metanol no Nordeste e com sede em Camaçari, Bahia, que o governo anterior também não conseguiu vender. A única venda bem-sucedida foi da Deten, em julho de 2022, por R$ 514 milhões.

Para o professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, Edmar Almeida, uma eventual compra do controle da Braskem não traria problemas de concentração de mercado, já que a Petrobras se desfez de praticamente todos os ativos petroquímicos e a Metanor é uma importadora, não produtora no País.

"Não vejo o que muda se a Petrobras aumentar a participação na Braskem, ela não tem outros ativos nessa área (resinas termoplásticas) e já estava lá dentro", avaliou Almeida.

Já Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, destacou que o setor petroquímico já é muito concentrado, com a Braskem representando dois terços do total, e deveria ter uma atenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"Você demanda alto capital na petroquímica, o que é uma barreira de entrada para novos entrantes. Só a Braskem, por si só, já é uma gigante que demanda uma atenção do Cade", explicou.

Procurada, a Petrobras informou inicialmente que não comentaria o assunto. Após a publicação desta reportagem, a estatal afirmou não haver decisão da diretoria executiva ou do Conselho de Administração em relação ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na Braskem. "Decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis", disse a empresa, em nota.

Apesar disso, a estatal ressalta no mesmo comunicado que a sua atuação no setor petroquímico é um dos elementos do Plano Estratégico 2024-2028, conforme divulgado em 1º de junho deste ano, e que está desenvolvendo análises para definição da melhor alternativa de execução de sua estratégia na área.

Estadão
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