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Petrobras devolve jazida para se concentrar em possível campo gigante

A Petrobras é a operadora do bloco com 66% de participação. Os outros sócios são a Petrogal Brasil (14%), da portuguesa Galp, a Barra Energia do Brasil (10%) e a Queiroz Galvão Exploração e Produção, também com 10%

23 jan 2014 - 19h29
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A Petrobras abriu mão do prospecto de Bem-te-vi e ampliou a área de exploração da jazida vizinha Carcará, onde encontrou indícios de um campo gigante de petróleo, no pré-sal da bacia de Santos, de acordo com um documento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) obtido pela Reuters.

A descoberta conhecida como Bem-te-vi, no bloco BM-S-8, o mesmo em que está Carcará, está sendo devolvida ao governo brasileiro para que a Petrobras e as sócias na concessão se concentrem ao máximo na exploração de Carcará, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto, confirmando o teor do documento.

A ANP aprovou a "ampliação da área de retenção de Carcará a partir da área de Bem-te-vi", no âmbito do Plano de Avaliação de Descoberta do bloco, segundo o documento. No mesmo texto da ANP é mencionada a devolução de Biguá, além de Bem-te-vi.

As três áreas do BM-S-8 integram o pré-sal, região petrolífera mais promissora do Brasil e uma das maiores fronteiras exploratórias do mundo.

"Foi descoberta uma área muito boa que é Carcará e seus esforços serão concentrados ali", disse à Reuters a fonte, sob condição de anonimato. "Bem-te-vi e Biguá não representam tanto para as empresas", acrescentou.

Procurada, a Petrobras explicou que parte da área de Bem-te-vi foi incorporada à área de Carcará "por razões geológicas". A estatal propôs devolver uma parte da área de Bem-te-vi e incorporar o restante à Carcará, eliminando o prospecto conhecido originalmente.

A Petrobras - que tem o maior plano de investimento corporativo do mundo, de US$ 237 bilhões em cinco anos - é a operadora do bloco com 66% de participação. Os outros sócios são a Petrogal Brasil (14%), da portuguesa Galp, a Barra Energia do Brasil (10%) e a Queiroz Galvão Exploração e Produção, também com 10%.

Segundo a Petrobras, a estatal propôs à ANP em setembro do ano passado a devolução de parte das áreas de Bem-te-vi e Biguá.

"A Petrobras solicitou, na mesma data, a extensão do prazo para decisão sobre a área remanescente de Biguá para março de 2014, com objetivo de concluir os estudos técnicos no âmbito do consórcio", detalhou a estatal em nota.

O documento da agência e a fonte consultada pela Reuters, entretanto, falam em devolução da área de Biguá, não em prorrogação do prazo como citado pela Petrobras.

Segundo as normas do setor, a Petrobras pode recorrer das decisões da diretoria da ANP.

Algumas partes do bloco BM-S-8 sem descobertas já tinham sido devolvidas nos últimos anos.

Pelas regras do setor de petróleo, as empresas não podem ficar com o bloco inteiro mesmo quando realizam descobertas, sendo, portanto, obrigadas a escolher pedaços da concessão para ficar e devolver o restante à União.

No fim do prazo exploratório, que geralmente ocorre em cerca de cinco anos após a assinatura do contrato de concessão, as petroleiras costumam ficar com um pedaço bem menor do que a área original do bloco.

Descoberta gigante

O prospecto de Carcará pode ser uma das mais significativas descobertas já realizadas no pré-sal, afirmou um dos executivos que participam do consórcio do BM-S-8 na ocasião da divulgação da descoberta, em 2012.

Um outro executivo do consórcio disse na época que Carcará poderia ser comparado ao campo de Lula, antes denominado Tupi, com pelo menos 5 bilhões de barris de óleo equivalente.

A exploração de Carcará, como a de outras áreas do pré-sal, é desafiadora, conforme indicou nesta quinta-feira a Queiroz Galvão, uma das sócias no consórcio. Técnicos comentaram recentemente que o reservatório possui muita pressão, forçando as empresas a maiores cuidados perfuração.

"A primeira fase da perfuração do poço de extensão da importante descoberta de Carcará foi iniciada em dezembro, no entanto, devido a problemas operacionais ocorridos durante a perfuração, o poço foi abandonado", afirmou a Queiroz Galvão em nota ao mercado.

Segundo a empresa, a atividade será realizada em duas fases devido à necessidade de uma sonda com um equipamento adequado para a perfuração de reservatórios profundos com alto nível de segurança e eficiência operacional.

A primeira fase da perfuração é esperada para ser realizada no segundo trimestre deste ano. A segunda fase deve ser iniciada no quarto trimestre de 2014 e a expectativa é de que a conclusão da perfuração e do Teste de Formação a Poço Revestido (TFR) ocorra em meados de 2015.

O primeiro óleo de Carcará é esperado para o fim de 2018.

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