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Petrobras dita queda do Ibovespa, que anula ganhos no ano

A reação negativa no exterior a declarações do presidente do Banco Central Europeu corroborou o tom negativo

4 dez 2014 - 18h35
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<p>O volume financeiro nesta sess&atilde;o somou R$ 5,44 bilh&otilde;es, novamente abaixo da m&eacute;dia di&aacute;ria do ano</p>
O volume financeiro nesta sessão somou R$ 5,44 bilhões, novamente abaixo da média diária do ano
Foto: Rodrigo Paiva / Reuters

O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta quinta-feira, voltando a zerar os ganhos acumulados em 2014, pressionado pela forte queda das ações da Petrobras. A reação negativa no exterior a declarações do presidente do Banco Central Europeu corroborou o tom negativo.

O Ibovespa caiu 1,71%, a 51.426 pontos. No ano, passou a mostrar variação negativa de 0,16% enquanto na véspera ainda apresentava desempenho positivo, com alta de 1,58%. O volume financeiro nesta sessão somou R$ 5,44 bilhões, novamente abaixo da média diária do ano.

Petrobras guiou a queda do Ibovespa desde a abertura, em mais uma sessão de baixa do petróleo e após a Moody's cortar o rating individual da empresa, medido pelo critério Baseline Credit Assessment (BCA), de Baa3 para Ba1, devido às investigações de corrupção.

No exterior, índices acionários recuaram após o presidente do BCE, Mario Draghi, relevar pressões por novas ações e dizer que a autoridade monetária da zona do euro vai reavaliar o impacto de seus estímulos monetários no início do próximo ano e tomar novas medidas se for necessário.

O europeu FTSEurofirst 300 caiu 1,37%, maior queda diária em sete semanas. Em Nova York, o S&P 500 perdia 0,14%, um dia após renovar cotação máxima.

"O mercado está sentindo a falta de agressividade do BCE que, a despeito da piora prospectiva da economia e a baixa inflação, tem dificuldade em implementar novos estímulos", disse o gestor Joaquim Kokudai, da Effectus Investimentos.

<p>A ag&ecirc;ncia Moody&#39;s cortou&nbsp;o rating individual da Petrobras medido pelo crit&eacute;rio Baseline Credit Assessment (BCA), de Baa3 para Ba1, devido &agrave;s investiga&ccedil;&otilde;es de corrup&ccedil;&atilde;o</p>
A agência Moody's cortou o rating individual da Petrobras medido pelo critério Baseline Credit Assessment (BCA), de Baa3 para Ba1, devido às investigações de corrupção
Foto: Sergio Moraes / Reuters

"No Brasil, há muito ruído fiscal, o governo continua se comunicando mal. O quadro só não está pior porque há ainda alguma esperança com a nova equipe econômica", pontuou.

Bolsa dividida

A decisão do Banco Central, da véspera, de intensificar o aperto monetário ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, teve repercussão mista, sem um consenso sobre os sinais emitidos pela autoridade monetária em termos de comprometimento.

A necessidade de ainda precisar finalizar a votação do projeto que, na prática, desobriga o governo federal de realizar um superávit primário também trouxe desconforto. O Congresso aprovou na véspera o projeto que amplia os descontos da meta fiscal, mas faltou analisar uma última emenda.

"A não aprovação pode adiar os planos do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy (...) Havia expectativa de que tudo seria aprovado ainda ontem (quarta-feira) e não foi, o que adiciona algum risco político e preocupa", disse o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ser identificado.

A demora na aprovação, inclusive, atrasou a posse do novo ministro da Fazenda devido à necessidade de protegê-lo de ações legais e políticas por não atingir a meta fiscal. De acordo com fonte ouvida pela Reuters, a nova equipe econômica deve tomar posse na próxima semana.

Sobe e desce das ações

Uma relevante pressão negativa no Ibovespa veio de BRF, em queda de 2,46%. O Goldman Sachs rebaixou a recomendação para o papel de "compra" para "neutra", citando que agora vê espaço limitado de alta para as estimativas e preços do consenso, enquanto vislumbra riscos negativos.

Outros papéis de empresas exportadoras de carne também recuaram, como JBS e Marfrig. Há preocupações sobre demanda externa, particularmente da Rússia, que vinha ajudando o setor, conforme o rublo enfraquece por incertezas geopolíticas e cenário baixista para o petróleo.

As preferenciais de Vale caíram 1,65%, mesmo com a alta de mais de 2% do minério de ferro no mercado à vista na China. No caso da mineradora, o BofA ML cortou a recomendação para "neutra".

Na ponta positiva, Usiminas subiu 1,4%, após a Anfavea afirmar que os produtores de aço do Brasil estão informando fabricantes de autopeças do país sobre reajustes de preços da liga. A Usiminas é a maior fornecedora de aço para a indústria automotiva do país.

Gol também terminou entre as poucas altas do índice, ajudada pela queda no petróleo e recomendação de compra do Citi.

"Compre e compre agora", disse email do Citi enviado à tarde a clientes, avaliando que investidores parecem estar ignorando o potencial de alta para os múltiplos da empresa com a recente forte queda nos preços da commodity.

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