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Petrobras: Governo estuda indicar Paes de Andrade sem assembleia de acionistas

O governo estuda pedir a renúncia de um dos conselheiros e a indicar de Paes de Andrade como interino

2 jun 2022 - 18h40
(atualizado às 19h09)
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O governo estuda uma alternativa para tirar José Mauro Coelho do comando da Petrobras que não precise incluir uma assembleia de acionistas, etapa que tende atrasar a entrada de um novo presidente em cerca de 60 dias. 

O Estadão/Broadcast apurou que nos últimos dias, o governo pressionou pela renúncia do executivo, que não cedeu ao pleito. A estratégia que vem sendo articulada nos bastidores agora é tentar a renúncia de um dos seis conselheiros indicados pela União na Petrobras. 

A estratégia, que chegou à mesa do governo nesta quinta-feira, 2, ainda tem a sua viabilidade legal debatida, e passa por costurar a renúncia de um dos conselheiros indicados pela União ao Conselho de Administração (CA).

Governo estuda indicar Paes de Andrade sem assembleia de acionistas
Governo estuda indicar Paes de Andrade sem assembleia de acionistas
Foto: Reprodução/ Reuters

O movimento abriria espaço para a indicação do secretário de desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, como um novo membro interino. Isso viabilizaria sua chegada mais rápida à presidência.

A saída seria feita em dois tempos: primeiro Paes de Andrade se tornaria conselheiro e, depois, o governo teria de articular, no órgão, a destituição de Coelho da presidência. Então, estaria livre o caminho para a condução de Paes de Andrade como presidente interino até a próxima assembleia ordinária, prevista para abril de 2023.

A tese é que o conselho de administração não pode destituir um membro, mas pode destituir o presidente, assim como é capaz de avalizá-lo. Uma vez fora da presidência, Coelho poderia se tornar pária do próprio governo que o indicou dentro da alta administração.

A estratégia seria uma forma de o governo empossar o novo presidente sem passar pelo estresse de apontar outros sete indicados, ou reconduzir seus representantes em uma nova AGE, cujos trâmites, entre verificação de documentos e intervalo obrigatório entre convocação e realização, se aproxima cada vez mais dos 60 dias "ou até mais", segundo pelo menos três conselheiros ouvidos pelo Estadão/Broadcast.

Questionado se os representantes dos minoritários no conselho de administração não levantariam barricadas contra essa investida heterodoxa do governo para acelerar a sucessão na estatal, a fonte disse acreditar que há diálogo, porque a demora na eleição do novo comando executivo abre uma "hemorragia" no valor de mercado da companhia, que também vai contra os interesses de seus representados.

Nesta quinta-feira, apesar da disparada dos preços do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras fecharam em queda de 0,93%. O valor de mercado da companhia já caiu em R$ 50 bilhões desde abril, quando a estatal ultrapassou o valor de mercado da Vale. Hoje a empresa vale R$ 411 bilhões.

Na avaliação da representante dos empregados da Petrobras, Rosângela Buzanelli, a manobra do governo não faz sentido, já que pelo estatuto social da companhia e pela boa governança, o presidente da empresa tem que ser também conselheiro, o que o indicado do governo não é. Ela admite, porém, que em caso de renúncia de um conselheiro, é possível nomear um interino.

"(O conselheiro) Marcelo Gasparino renunciou em 2021, essa era uma opção, mas não foi escolhida pelo conselho. O mais correto e estável é fazer o processo regimental de convocação de uma AGE", afirmou, reforçando que mesmo indicado, Paes de Andrade não tem currículo nem para presidente da estatal e nem para diretor.

Para o especialista em governança Renato Chaves, é necessária a realização de assembleia para eleger membros do Conselho, mas ressaltou que é preciso examinar o estatuto social da empresa para ver se existe alguma brecha que possibilite o arranjo.

Estadão
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