'Petrobras não é agência de desenvolvimento', diz ministro de Minas e Energia após redução de preços
Diante de uma plateia lotada de empresários e investidores em Londres, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, afirmou nesta sexta-feira que a decisão da Petrobras de reduzir o preço de gasolina e diesel nas refinarias é uma prova de que a estatal está disposta a seguir a lógica do mercado baseada em oferta e demanda.
Na declaração do ministro, está embutida uma crítica direta à gestão do PT à frente da estatal. Por mais de uma vez, a Petrobras controlou preços para tentar conter o aumento da inflação.
"A Petrobras não é uma agência de desenvolvimento, é uma empresa de petróleo. Deve tomar decisões que façam sentido para ela e seus acionistas", afirmou Coelho Filho, em evento na London Business School, na capital inglesa.
A Petrobras anunciou nesta sexta um novo plano para o preço dos combustíveis.
A redução do preço cobrado das distribuidoras começa a valer a partir da 0h deste sábado (15). Será de 3,2%, para a gasolina e de 2,7% para o diesel.
Para o consumidor, contudo, o tamanho da queda do preço depende do valor a ser repassado aos postos. Estima-se que o combustível fique cerca de R$ 0,05 mais barato na bomba.
Popularidade
No mesmo evento, em conversa com jornalistas, Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal, salientou que a medida mostra que a Petrobras "está retomando sua autonomia".
"Não é para ser uma medida popular, é uma medida de negócio. Ela (Petrobras) quer vender", afirmou Moreira Franco, após ser questionado se a decisão de reduzir os preços podia ser encarada como iniciativa a melhorar a popularidade do governo.
"Antes, (a Petrobras) manipulava os preços. Você tinha uma empresa com ação em bolsa e conselho que praticava política de preços para servir ao governo e por isso chegou onde chegou", afirmou Moreira Franco, citando a prática empregada na gestão petista.
Por mais de uma vez a Petrobras congelou o preço do combustível para controlar o aumento da inflação. Tal medida atraia críticas de analistas econômicos, que associavam a iniciativa aos problemas econômicos da estatal.
"A Petrobras voltou a ser uma empresa. Não está compromissada com a inflação, (está) compromissada com o resultado dela", salientou Moreira Franco, dizendo que a estatal segue a regra de mercado fundamentada em oferta e demanda.
Um dos motivos que levaram a empresa a decidir reduzir os preços, de acordo com a própria Petrobras, foi o aumento recente da importação de combustível por outras empresas. O cálculo do custo do combustível foi alterado para que o preço caísse nas refinarias.
Tour por investimentos
O ministro de Minas e Energia e o secretário-executivo do PPI integram comitiva do governo brasileiro que tenta atrair investidores estrangeiros e convencê-los que o período de turbulência no Brasil já passou. Eles, que já passaram por Portugal, passarão ainda pelo Japão.
Como parte do otimista discurso oficial, os representantes do Brasil têm prometido que, a partir de agora, o país está empenhado em não gastar mais do que se arrecada e em garantir segurança jurídica mantendo regras de concessões e privatizações.
Mesmo com a promessa de que a economia é a grande prioridade desse governo, investidores ainda estão desconfiados.
Muitos preferem esperar para verificar, antes de começar a investir, se as promessas - em especial sobre reformas - serão de fato cumpridas.