Petrobras rebate denúncia de superfaturamento em gasoduto
A direção da Petrobras destacou que "não há nada de suspeito ou tampouco ilegal nesse negócio", diz a nota enviada à imprensa
A Petrobras assegurou nesta quarta-feira que a rede de gasodutos Gasene, que liga o Sudeste ao Nordeste, foi criada dentro dos parâmetros legais. Em nota, a empresa rebate a matéria publicada na edição desta quarta-feira pelo jornal O Globo.
Na reportagem, a presidenta da empresa, Graça Foster, é mostrada com atuação direta no processo de implementação do Gasene. Segundo o jornal, auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) teria constatado preços superfaturados em mais de 1.800% em um dos principais trechos. A estatal rebateu as informações e qualificou de "pejorativo" o termo usado pelo jornal de “gasoduto suspeito” para o Gasene.
"O empreendimento foi construído segundo um modelo de negócio mundialmente utilizado, de projeto estruturado (project finance)", acrescentou a empresa. A nota diz, ainda, que foi constituída a sociedade de propósito específico (SPE) Transportadora Gasene, para implantar os trechos do gasoduto Gasac (Cacimbas-Catu) e Gascav (Cabiúnas-Vitória).
A direção da Petrobras destacou que "não há nada de suspeito ou tampouco ilegal nesse negócio", uma vez que cumpriu a lei das sociedades anônimas e a existência da SPE constou nos balanços da Petrobras.
Criada em 2005, a Transportadora Gasene foi criada pela área financeira da petrolífera. “Não se tratava de 'empresa de fachada', mas, sim, integrante de modelo de projeto estruturado. Esta SPE, decididamente, desde a sua origem, não foi uma 'empresa de fachada'", defendeu a empresa.
Para a Petrobras, o modelo de negócio (SPE) “não é novidade” no País. A empresa ressaltou que desde a década de 1990 utiliza o modelo de SPE, como ocorreu com a Transportadora Gasene S/A, para o desenvolvimento de seus projetos de exploração e produção, refino e transporte de gás.
Entre os exemplos de SPE adotados, a Petrobras citou Marlim (1999), Cabiúnas (2000), Albacora Petros (2001), Pargo-Carapeba-Garoupa-Cherne-Congro (2002), Projeto Urucu-Manaus (2004), Mexilhão (2005) e Revap (2006).
Petrobras nega sobrepreço
A estatal informou que a presidenta da empresa, Graça Foster, assumiu a Diretoria de Gás e Energia em 24 de setembro de 2007 e que, no dia 12 de dezembro daquele ano, foi encaminhado à diretoria executiva documento propondo aprovação de parcerias para a Transportadora Gasene.
Essa proposta foi assinada pelos diretores das áreas de Serviços, Financeiro e Gás e Energia. “É atribuição da área de Gás e Energia participar da concepção de todos os gasodutos da Petrobras”, diz a nota.
A Petrobras negou que exista sobrepreço nas obras de construção do Gasene. “É inverídica a afirmação de sobrepreço na construção do gasoduto. Muito pelo contrário, a contratação da construção dos gasodutos Gascac (Cacimbas-Catu) e Gascav (Cabiúnas-Vitória) foi feita por um valor 4,4% abaixo da estimativa orçada, utilizando-se um projeto básico robusto (ao contrário do mencionado nessa reportagem)".
Ainda segundo a estatal, o custo total foi 20% acima do valor contratado originalmente. As contratações para implantação da obra foram feitas pela Sinopec – estatal chinesa – que era contratada da Transportadora Gasene S/A.
Na nota, a petrolífera diz que o Gasene atende às normas internacionais. Segundo a estatal, o custo final da obra ficou em R$ 6,340 bilhões. O valor inclui as estações de compressão da rede de gasodutos.
“Comparativamente, o gasoduto se enquadrou dentro da métrica internacional, ficando em US$ 59,20/metro.pol (indicador de custo de gasoduto), de acordo com dados da IPA (do nome em inglês Independent Project Analisys).