Petrobras recua mais de 5% e perde R$30 bi em valor de mercado com ruídos sobre dividendos
As ações da Petrobras chegaram a perder mais de 6% nesta quarta-feira, em meio a declarações do presidente-executivo da estatal sinalizando uma postura mais conservadora quando à remuneração aos acionistas da petroleira.
Jean Paul Prates, disse em entrevista à Bloomberg que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários à medida que se move para se tornar uma potência de energia renovável.
Os papéis preferenciais fecharam em queda de 5,16%, a 40,43 reais, enquanto as ações ordinárias cederam 5,39%, a 41,60 reais, equivalente a uma perda de quase 30 bilhões de reais em valor de mercado.
No pior momento, as PNs foram negociadas a 39,83 reais (-6,57%) e as ONs foram cotadas a 41,25 reais (-6,19%), entre os piores desempenhos do Ibovespa, que cedeu 1,16%.
No call de fechamento da bolsa brasileira, a Petrobras informou que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados.
A companhia acrescentou que as decisões da alta administração sobre dividendos, que inclui a proposta de destinação do resultado, a ser submetida à aprovação de assembleia geral ordinária em 25 de abril, serão tomadas com base em sua nova política de remuneração.
As ações da companhia têm renovado máximas históricas, em boa parte apoiadas nas expectativas sobre a remuneração aos acionistas.
De acordo com Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace Capital, as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos estavam mais próximas de um valor máximo ao potencial a ser distribuído.
"A fala do presidente, nesse sentido, coloca uma dúvida sobre qual será o percentual pago. Dependendo do percentual, a Petrobras terá um 'dividend yield' próximo das outras grandes empresas de petróleo no mundo, o que não justificaria uma preferência pela empresa brasileira", acrescentou.
A Petrobras divulga seu resultado do último trimestre e do ano de 2023 no dia 7 de março, quando deve também anunciar sua decisão sobre a remuneração aos acionistas.
Em relatório a clientes nesta quarta-feira, comentando as declarações de Prates, analistas do Goldman Sachs avaliaram que os comentários poderiam ser recebidos negativamente pelos investidores já que a maioria com quem eles têm conversado nas últimas semanas estão focados no potencial anúncio de dividendos extraordinários a ser feito em conjunto com o balanço no próximo dia 7 de março.
Ainda assim, Bruno Amorim e equipe mantiveram a classificação de "compra" para os papéis da Petrobras, pois calculam que a companhia ofereça um fluxo de caixa livre yield (FCFy) médio de cerca de 14% nos próximos quatro anos, entre 2024 e 2027, o que está acima das principais empresas globais de cerca de 10% em média.
"Reconhecemos que, a esse nível de rendimentos, o prêmio para as principais empresas globais diminuiu em comparação com a história recente -- atualmente vemos as principais empresas globais com um retorno para os acionistas de aproximadamente 10%, div+recompra, em 2024E, em média--, o que, na nossa opinião, limita o espaço para uma reavaliação significativa adicional da ação", afirmaram os analistas.
Para um gestor de uma empresa de previdência complementar, "está chegando a hora da verdade sobre os dividendos".