Petrobras tem maior alta na Bovespa em 16 anos
Bolsa de São Paulo fechou com alta de 2,75% puxada também pelo bom resultado do último trimestre do Itaú Unibanco
A Bovespa fechou em alta pelo segundo pregão consecutivo nesta terça-feira, guiada pelo forte avanço de Petrobras, o maior em 16 anos, após notícia sobre possível mudança no comando da estatal e repercussão positiva do resultado trimestral acima do esperado do Itaú Unibanco.
O Ibovespa encerrou em alta de 2,76%, a 48.963 pontos, muito próximo da máxima do dia, a 48.992 pontos. O volume financeiro da sessão somou R$ 7,3 bilhões.
Notícias veiculdas na imprensa na manhã de hoje, sem citar fontes, diziam que a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, foi informada pelo Palácio do Planalto que será substituída no cargo, fazendo os papéis da estatal aceleraram a alta verificada desde a abertura.
Nem a negativa da Secretaria de Imprensa do Planalto para a notícia tirou ímpeto das ações, que terminaram com altas de dois dígitos, a despeito de novo corte do rating da estatal, desta vez pela Fitch.
As preferenciais subiram 15,47%, maior alta desde 15 de janeiro de 1999. Os papéis ON fecharam com alta de 14,24%.
O mercado fechou com a informação de que Graça Foster estava reunida com presidente Dilma Rousseff em Brasília.
"Isso é definitivamente positivo para o preço das ações da Petrobras e para a empresa no curto e longo prazos", disse o analista Auro Rozenbaum do Bradesco BBI, referindo-se às notícias sobre mudanças na direção da companhia.
Em nota a clientes, ele observou que o suposto envolvimento de Joaquim Levy no processo de seleção trazia credibilidade e que, se o sucessor de Graça vir a ser um executivo experiente e bem conhecido, pode haver um espaço de alta potencial no curto prazo para o papel.
"Esse é o único gatilho de curto prazo que enxergamos ser capaz de provocar um rali na ação", disse, ponderando, contudo, que a nomeação de um novo presidente-executivo não irá mitigar os riscos de curto prazo enfrentados pela estatal, que incluem dificuldades na aprovação do resultado auditado, bem como potenciais punições ou restrições de órgãos reguladores dos mercados de capitais no Brasil e Estados Unidos por causa das investigações na operação Lava Jato.
O quadro externo também favoreceu os papéis da companhia nesta sessão, com a disparada dos preços do petróleo no exterior, com o barril nos Estados Unidos avançando 7%.
As preferenciais do Itaú Unibanco, com forte participação na composição do Ibovespa, avançaram 2,79%, após o banco superar previsões de lucro no quarto trimestre, reflexo de nova queda da inadimplência, maiores margens com crédito e aumento das receitas com serviços.
Na esteira, as ações preferenciais do Bradesco subiram 3,70%. Santander Brasil
Outro importante suporte veio do avanço de 4,8% dos papéis da Vale, acompanhando a alta do minério de ferro na China..
Gafisa subiu 4,71%, impulsionada por novo programa de recompra de até 27 milhões ações, correspondentes a 10% dos papéis em circulação, pelo Conselho de Administração da companhia na segunda-feira.
Ações do setor elétrico que tiveram forte alta na véspera, como Light e EDP Energias, fecharam em queda.
As empresas de educação Kroton e Estácio também se destacaram no lado negativo, embora tenham encerrado longe das mínimas, em meio a especulações acerca das recentes mudanças no programa de financiamento ao ensino superior, o Fies.
Em nota a clientes, a corretora Brasil Plural disse que o analista da casa consultou a Kroton sobre a queda e que a companhia disse não ver qualquer razão para o recuo das ações.
Ainda de acordo com o e-mail enviado pela Plural, a companhia mencionou que negociações com o Ministério da Educação sobre mudanças no Fies continuam, mas que não há reuniões ou novidades nesta semana; e que alguns investidores estavam espalhando rumores de um potencial anúncio de mudanças adicionais na quarta-feira, mas que não havia nada na agenda e que na visão deles isso não fazia sentido.