Petróleo cai com perspectivas econômicas sombrias e preocupações com excesso de oferta
Os preços do petróleo caíram nesta quinta-feira, após banqueiros centrais dos Estados Unidos e da Europa sinalizarem cautela sobre uma maior flexibilização da política monetária, o que aumentou preocupações de que a atividade econômica fraca possa prejudicar a demanda por petróleo no próximo ano.
Os futuros do petróleo Brent caíram 0,51 dólar, ou 0,7%, encerrando a 72,88 dólares por barril.
Os futuros do West Texas Intermediate dos EUA para entrega em janeiro caíram 0,67 dólar, ou 1%, a 69,91 dólares por barril, e expiraram no fechamento. O contrato mais ativo, para fevereiro, caiu 0,64 dólar, a 69,38 dólares por barril.
O Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, conforme esperado, mas o chair do Fed, Jerome Powell, alertou que a inflação persistente trará mais cautela ao banco central dos EUA quanto a cortes em 2025.
O dólar norte-americano subiu para o maior valor em dois anos, tornando o petróleo mais caro para compradores detentores de outras moedas.
"Um Fed menos acomodatício em 2025 do que o inicialmente esperado fez com que os mercados ajustassem suas expectativas", disse Alex Hodes, analista da corretora de commodities StoneX.
No Reino Unido, formuladores de política monetária do banco central da Inglaterra mantiveram os juros nesta quinta-feira, com autoridades divididas sobre como reagir a uma economia em desaceleração. Também nesta quinta, o banco central do Japão manteve os juros ultrabaixos, já que as promessas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas lançaram uma sombra sobre a economia do país, dependente de exportações.
EXCESSO DE PETRÓLEO NO PRÓXIMO ANO
O abrandamento da atividade econômica pode aprofundar a desaceleração do crescimento da demanda por petróleo no próximo ano. Os preços futuros do Brent caíram mais de 5% até agora neste ano, a caminho da segunda perda anual seguida, com uma economia chinesa hesitante pesando sobre a demanda.
As medidas de transição energética também afetaram a demanda com força na China, maior importador de petróleo. A gigante de energia apoiada pelo Estado, Sinopec, disse nesta quinta-feira que espera que o consumo de petróleo na China atinja seu pico em 2027, com o enfraquecimento da demanda por combustível.
A expectativa é de que o mercado de petróleo esteja em superávit no próximo ano, com analistas do J.P. Morgan prevendo que a oferta superará a demanda em 1,2 milhão de barris por dia.
O fornecimento de petróleo poderá ficar mais restrito no próximo ano se o republicano Trump cumprir suas promessas de campanha de reprimir as exportações de petróleo do Irã.
O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, um democrata, também aumentou as sanções contra entidades iranianas, com três navios envolvidos no comércio de petróleo e produtos petroquímicos iranianos sancionados na quinta-feira.
Essas ações, no entanto, tiveram pouco efeito sobre os preços do petróleo, observaram os analistas do J.P. Morgan, acrescentando que é improvável que Trump priorize políticas que aumentem os preços da energia.
Os preços do petróleo Brent devem ficar em torno de 73 dólares por barril em 2025, de acordo com uma pesquisa da Reuters com 11 corretoras que emitiram previsões de preços.