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PF apreende mais de R$ 150 milhões em bitcoins com acusado de fraude com criptomoedas

Também foi apreendido dinheiro em espécie; soma de dinheiro real e virtual é a maior apreensão da história da corporação

25 ago 2021 - 20h02
(atualizado às 22h47)
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RIO - A Polícia Federal fez na manhã desta quarta-feira, 25, provavelmente a maior apreensão de bitcoins e dinheiro em espécie somados da sua história. Foram cerca de R$ 150 millhões em moeda virtual, mais uma quantia de R$ 13,8 milhões em cédulas. Um dos cinco presos na ação foi Glaidson Acácio dos Santos, um ex-garçom que criou a dono da GAS Consultoria Bitcoin, sediada em Cabo Frio, na Região dos Lagos, para supostamente negociar criptomoedas. O negócio oferecia aos investidores rendimentos de 10% mensais, arrecadou bilhões, mas é acusado de fraudes financeiras a partir de um esquema de pirâmide.

Segundo a polícia, Glaidson nem sequer aplicava o dinheiro recebido dos clientes. Foi na casa luxuosa em que foi preso, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), que foi apreendida grande quantidade de dinheiro em espécie. Fotos e vídeos com malas cheias de cédulas foram divulgados pela corporação. A contagem do dinheiro concluiu que se tratava de um valor de R$ 13.825.091,00 e mais 100 libras esterlinas. A lista de bens apreendidos na ação inclui os bitcoins (cada um valendo, pela cotação desta quarta, cerca de R$ 255 mil), 21 veículos de luxo, relógios e joias de alto valor, celulares e equipamentos eletrônicos.

A prisão fez parte da Operação Kryptos, deflagrada na manhã desta quarta-feira, 25, pela PF em parceria com a Receita Federal, o Ministério Público Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional. Glaidson foi um dos nove alvos de ordens de prisão - sete preventivas e duas temporárias. Foram cumpridos ainda quinze mandados de busca e apreensão. A ação foi nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, além do Distrito Federal. As ordens judiciais foram expedidas pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Cento e vinte 120 agentes participaram da operação.

PF apreende dinheiro com organização criminosa que aplicava golpes envolvendo bitcoins.
PF apreende dinheiro com organização criminosa que aplicava golpes envolvendo bitcoins.
Foto: Polícia Federal/Divulgação / Estadão

Segundo o jornal O Globo, também foi preso Arthur Leite, operador que trabalhava na GAS e foi encontrado na sede da empresa, em Cabo Frio. Outro detido foi Tunay Pereira Lima, funcionário da GAS, capturado no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele se preparava para embarcar para Punta Cana, na República Dominicana, supostamente para um evento da GAS.

Até o fim da tarde, alguns alvos ainda eram procurados pela polícia. Entre as pessoas com prisão decretada, estava a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, com quem Glaidson é casado.

Os investigados poderão responder pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira clandestina, emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, organização criminosa e lavagem de capitais. Se condenados, poderão ter de cumprir até 26 anos de prisão.

Ter dinheiro em casa não é crime, diz advogado

O advogado de Glaidson, Thiago Minagé, esteve na sede da Superintendência da PF no Rio nesta quarta-feira para assessorar seu cliente. Ele afirmou à imprensa que "ter (cerca de) R$ 20 milhões em casa, por si só, não é um crime".

"Vinte milhões é (sic) uma quantia exacerbada e alta, mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda de prática criminosa", disse o advogado. "Ganhar dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime."

Segundo ele, a prisão foi uma surpresa.

"Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação", afirmou. "A partir de agora a gente vai ver qual vai ser o caminho a seguir e traçar."

No fim da tarde, o advogado emitiu nota oficial, afirmando não poder se pronunciar por não ter tido acesso aos autos.

"A defesa de Glaidson Acácio está ciente da prisão e até o momento sem acesso ao conteúdo das investigações", escreveu ao advogado. "Apenas após a devida análise de toda documentação é que poderemos nos manifestar de forma concreta."

Estadão
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