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Planalto pode enfrentar descontentamento de outras categorias

Presidente do fórum de servidores diz que estilo dúbio e confuso de comunicação do presidente Bolsonaro pode ser interpretado como traição, uma vez que ele assumiu compromisso de reajuste com os policiais

9 jan 2022 - 17h39
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BRASÍLIA- Após o presidente Jair Bolsonaro admitir que até mesmo os policiais federais poderão ficar se reajuste salarial em 2022, o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, avalia que o Planalto corre o risco de enfrentar o descontentamento também das categorias ligadas à segurança.

Com a adesão em massa dos servidores públicos federais ao movimento de operação-padrão e entrega de cargos de confiança, Bolsonaro pediu neste sábado, 8, "sensibilidade" ao funcionalismo e argumentou que não há espaço no Orçamento para dar aumento a todos. "Pode ser que não tenha reajuste para ninguém", disse o presidente.

Para Marques, do Fonacate, o estilo de comunicação do presidente é dúbio e confuso. "Vamos ver como isso vai se resolver. Uma vez que ele já assumiu um compromisso com os policiais, isso seria visto como 'mais uma' traição, pois já foram feitos compromissos na tramitação da reforma da Previdência que não foram honrados. Ademais, ele seria o único presidente da República em vinte anos a não conceder reposição geral ao funcionalismo", afirmou o sindicalista.

Ele lembra que o Distrito Federal, que concentra a maior parte dos servidores públicos federais, registrou uma votação expressiva em Bolsonaro nas eleições de 2018. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente recebeu 69,99% dos votos válidos da capital do País no segundo turno.

"Não fica claro se ele quer atender somente os policiais, ter pretexto para estender o reajuste a todos, conceder apenas para algumas categorias além dos policiais ou não dar reajuste a ninguém", disse o presidente do Fonacate. O fórum aprovou no fim de dezembro um calendário de mobilização de servidores públicos por reajuste salarial, incluindo paralisações em janeiro - a primeira no dia 18 -, e assembleias em fevereiro para deliberar sobre uma greve geral.

Reestruturação

O movimento por salários melhores no funcionalismo começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. O governo chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas as categorias de segurança que são base de apoio do seu governo. Antes, em novembro, ele afirmou que daria aumento a todas as carreiras federais.

Estadão
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