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Pleno emprego? O significado pós-pandemia pode já ter mudado

1 fev 2021 - 15h36
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A taxa de desemprego nos Estados Unidos atingiu uma mínima recorde de 3,5% há um ano, mas esse pedaço da história vem com uma nota de rodapé.

Pessoas fazem fila em busca de orientação sobre pedidos de auxílio-desemprego, no Kentucky, EUA. REUTERS/Bryan Woolston
Pessoas fazem fila em busca de orientação sobre pedidos de auxílio-desemprego, no Kentucky, EUA. REUTERS/Bryan Woolston
Foto: Reuters

Sem dúvida, não foi o melhor momento para os trabalhadores nas últimas décadas. Esse título está com os últimos meses do ano 2000. Embora as taxas de desemprego estivessem um pouco mais altas naquele momento, o crescimento dos salários foi mais forte e uma parcela significativamente maior da população estava empregada ou em busca de trabalho.

Foi um momento singular, com a população mais jovem e mulheres ainda aumentando seu engajamento no mercado de trabalho norte-americano, e é improvável que isso se repita em um país que está envelhecendo a cada ano.

À medida que começa a ser feito esforço para reparar o dano causado no mercado de trabalho pela pandemia de coronavírus, entender as diferenças entre essas duas eras --uma boa e outra ainda melhor-- pode ser a chave para escolher as melhores ferramentas para reparar os danos e, então, julgar quando a tarefa estará concluída.

"Vai demorar muito para voltar a 2000, à melhor situação absoluta, se é que será possível", disse Roberto Perli, economista da consultoria Cornerstone Macro. "Pode ser impossível", graças a uma população cada vez mais velha e, portanto, a uma menor fatia da população que quer trabalhar.

Para avaliar como as autoridades do Federal Reserve podem definir sua meta de "pleno emprego" e avaliar com que rapidez a economia pode alcançá-la, Perli construiu recentemente uma visão abrangente do mercado de trabalho combinando 22 estatísticas diferentes em um único índice. Ele aponta o final dos anos 1990 até 2000 como o ponto alto para os trabalhadores dos Estados Unidos desde 1990.

As autoridades do Fed dizem que desejam uma recuperação de empregos "ampla e inclusiva", observando que antes da pandemia as taxas de desemprego para negros e latinos e para a economia como um todo haviam atingido mínimas recordes.

"PLENO EMPREGO"

Se o objetivo for levar um amplo conjunto de métricas do mercado de trabalho aos melhores resultados anteriores, isso não acontecerá em breve. A julgar como o índice se comportou após outras recessões, Perli disse que o processo pode levar de seis a nove anos. É um longo caminho para o Fed manter as taxas de juros baixas na esperança de encorajar as contratações e o aumento dos salários.

Mas os dados destacam outro desafio que o Fed e outras autoridades terão ao debater as necessidades do país. É, por exemplo, um apoio mais imediato para as pessoas que esperam o retorno de um emprego anterior? Ou mais assistência para reinstrução e recolocação de forma a encorajar as pessoas a seguir em frente?

O chefe global de pesquisa do Carlyle Group, Jason Thomas, estimou que, dos cerca de 9,5 milhões de empregos ainda perdidos desde o início da pandemia, 4 milhões não estavam nos setores de hospedagem, transporte e outras indústrias na linha de fogo do coronavírus.

À medida que outros setores, como serviços financeiros e manufatura, reequipam, repensam e automatizam o trabalho, eles podem demorar para recontratar --algo que o Fed e outros órgãos terão de levar em conta na definição do que significa pleno emprego no mundo pós-pandemia.

"Você impõe novos lockdowns e perde 400 mil empregos em bares e restaurantes, e quando eles reabrem esses empregos voltam", disse ele. "Você tem um problema de longo prazo de mais de 4 milhões de empregos que estão em setores não afetados. Com que rapidez eles voltam? ... Quanto é estrutural e quanto é temporário? Vai se reverter?"

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