População brasileira na pobreza e extrema pobreza é a menor desde 2012, diz IBGE
Análise do IBGE mostra que, sem os programas de benefícios sociais, a extrema pobreza teria subido de 10,6%, em 2022, para 11,2%, em 2023
Dados do IBGE mostram a redução da população brasileira nas linhas da pobreza e da extrema pobreza, sendo o Nordeste a região com maior percentual de pessoas pobres e extremamente pobres em 2023.
O número de brasileiros nas linhas da pobreza e da extrema pobreza caiu para o menor valor, tanto estatística quanto numericamente, desde 2012, segundo a Síntese de Indicadores Sociais publicada pelo IBGE nesta quarta-feira, 4. O dado é referente ao período de 2022 a 2023 e considera a linha definida pelo Banco Mundial do que é pobreza e o que é extrema pobreza.
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O IBGE explica que, segundo a última atualização do Banco Mundial com relação à paridade do poder de compra, está na linha da pobreza quem tem até R$ 665 por mês. Já a linha da extrema pobreza é de R$ 209 por mês.
- De 2022 a 2023, o percentual da população do país abaixo da linha de pobreza adotada pelo Banco Mundial caiu de 31,6% para 27,4%, representando 59 milhões de brasileiros;
- No mesmo período, a proporção da população na extrema pobreza recuou de 5,9% para 4,4%, ficando abaixo dos 5% pela primeira vez. Em números absolutos, são 9,5 milhões de brasileiros nessa situação.
A análise do IBGE é de que o aumento dos valores médios dos benefícios concedidos pelo Programa Bolsa Família, em 2023, quando comparado com o Auxílio Brasil 2022, certamente teve impactos sobre a manutenção da trajetória de redução da pobreza e da extrema pobreza.
Além disso, o maior dinamismo do mercado de trabalho também contribuiu para essa tendência, especialmente na redução da pobreza, que é mais impactada pela renda do trabalho em comparação com os extremamente pobres, que possuem maior participação de benefícios de programas sociais.
Sem os benefícios de programas sociais, a extrema pobreza teria subido, passando de 10,6%, em 2022, para 11,2%, em 2023. Já a pobreza teria mantido a trajetória de queda, passando de 35,4% para 32,4%, refletindo o maior peso da renda do trabalho na determinação do rendimento deste grupo.
A pobreza por regiões
O Nordeste é a região brasileira com maior percentual de pessoas pobres (47,2%) e extremamente pobres (9,1%). No outro extremo, a região Sul registrou o menor percentual de pobres em 2023, chegando a 14,8%, cerca de 2,3 pontos percentuais inferior a 2022. Na região, os extremamente pobres são 1,7% da população.
A queda da extrema pobreza e da pobreza nas regiões Norte e Nordeste, de -2,0% e -2,7%, respectivamente, não reduziu estruturalmente a participação destas regiões no total de pobres do País em 2023, que se manteve elevada.
Em 2023, a região Nordeste detinha 26,9% do total populacional do País, mas 55,5% das pessoas consideradas extremamente pobres pela linha de até R$ 209 por mês e 46,4% das consideradas pobres pela linha de até R$ 665 por mês. No Sudeste, a região mais populosa do Brasil, com 42,1% da população, respondia por 23,9% dos extremamente pobres e 28,4% dos pobres do País.
Em relação à situação do domicílio, os resultados mostram que tanto a extrema pobreza quanto a pobreza são mais elevadas nos domicílios situados em áreas rurais em comparação aos domicílios urbanos.
A pobreza por cor e gênero
A análise do IBGE, que se baseia nos números agregados da PNAD Contínua, mostrou que não há grandes variações no status de pobreza entre homens e mulheres no Brasil. A proporção se manteve semelhante à distribuição da população, com a incidência de extrema pobreza mantendo-se igualmente próxima (4,3% dos homens e 4,5% das mulheres). A diferença foi um pouco maior na pobreza, que atingiu proporção maior de mulheres (28,4%) em comparação aos homens (26,3%).
Já com relação à análise por cor ou raça, houve uma significativa diferença entre os indicadores. Pessoas pretas e pardas, juntas, representavam mais de 70% dos pobres e extremamente pobres enquanto representaram 56,5% do total da população. Essas diferenças também se mantiveram nas taxas de pobreza e extrema pobreza: 4,7% das pessoas de cor ou raça preta e 6,0% das pardas eram extremamente pobres em 2023, contra 2,6% entre brancos, e 30,8% e 35,5% eram pobres, contra 17,7% de brancos.