Script = https://s1.trrsf.com/update-1735848910/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Por que a inadimplência cresceu em abril mesmo com programas como Desenrola e a redução dos juros?

Dados mostram que 4 a cada 10 brasileiros estavam inadimplentes em abril

30 mai 2024 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
A Selic caiu 13,75% para 10,75% entre abril de 2023 e 2024, e o Desenrola propiciou a renegociação de dívidas de mais de 15 milhões de brasileiros, mas a inadimplência foi a maior da série histórica do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Foto: SOPA Images/GettyImages

De abril de 2023 para abril deste ano, a Selic - taxa básica de juros - caiu de 13,75% para 10,75%. O programa Desenrola, do governo federal, que começou em julho do ano passado, renegociou dívidas de mais de 15 milhões de brasileiros. Ainda assim, contrariando as expectativas, a inadimplência no mês de abril de 2024 foi a maior da série histórica do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), segundo seu presidente Roque Pellizzaro Júnior.

Mas, o que levou a inadimplência a crescer, se tais medidas citadas acima deveriam levar ao caminho oposto? O Terra conversou com Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), instituição parceira do SPC na divulgação dos dados da inadimplência, para entender o que pode ter provocado o aumento da quantidade de brasileiros que não conseguem pagar suas dívidas.

Por que o Desenrola não diminuiu a inadimplência?

Merula explica que a adesão ao programa do governo foi maior em seus primeiros meses, e perdeu força com o tempo. “A gente tem visto dados menores [no programa Desenrola], de menos negociação agora no momento. E mais endividados”, afirma.

Segundo a especialista em finanças, uma outra observação a ser feita sobre o Desenrola é que os dados acessados pela CNDL mostram que a região onde mais pessoas renegociaram suas dívidas é a Sudeste, enquanto o maior número de inadimplentes está no Norte.

Merula também explica que ainda é cedo para entender os efeitos do Desenrola, já que as renegociações não indicam que as pessoas irão quitar as dívidas.

“O que a gente percebe, pelas nossas pesquisas de inadimplência, é que a reincidência é alta, e a propensão das pessoas a cumprirem um acordo também é baixa. Mais de 70% das pessoas que entram numa negociação para limpar o nome, acaba não levando a cabo e não cumprindo essa negociação”, diz.

Os pagamentos do Desenrola podem ser à vista ou parcelados, sem entrada e com até 60 meses para pagar.

Economia aquecida pode ter impulsionado inadimplência

Nos dados macroeconômicos, o cenário é positivo. Merula Borges cita a queda da taxa Selic, o aumento da renda média mensal do brasileiro e o aumento na concessão de crédito como fatores que trazem otimismo para o País. Porém, houve algum descompasso que provocou o crescimento da inadimplência.

A especialista dá duas principais explicações: a alta inflação em produtos essenciais, como alimentos, o que acaba deixando pouco orçamento livre para pagar gastos não essenciais, como dívidas; e a concessão de crédito também pode ter sido um impulsionador para que famílias se endividassem.

“Às vezes, a pessoa estava impedida de consumir porque não tinha renda, e agora com renda passou a ter a oportunidade de consumir e acabou se endividando”, explica.

Merula ressalta, porém, que não é como se buscar crédito no mercado fosse ruim. Pelo contrário. “Quando a pessoa faz uma parcela, alguma coisa no cartão de crédito, ela está tomando uma dívida. O endividamento não necessariamente é ruim. Ele, inclusive, pode ser positivo se chegar até um ponto, que é o que a gente chama de ‘ponto ótimo’. Passou disso, a pessoa passa a ter um excesso de dívida e, aí, com qualquer situação, ela fica num risco maior de se tornar inadimplente, que é o fato dela não pagar alguma dívida que ela já tenha”.

Ainda sobre o que pode estar aumentando os números de inadimplência, Merula Borges faz um alerta: não é possível, ainda, relacionar que isso seja a causa do problema, mas relatórios de corretoras têm mostrado que os brasileiros, principalmente de baixa renda, têm destinado cerca de 20% da sua renda livre para apostas online. “É um ponto que a gente tem olhado com cuidado”, afirma a especialista em finanças.

Conhecer, organizar, preparar... Veja dicas para renegociar sua dívida Conhecer, organizar, preparar... Veja dicas para renegociar sua dívida

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade