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Preço da banana na Alemanha gera atrito com Equador

22 fev 2019 - 11h59
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Maior exportador mundial da fruta, país sul-americano suspende exportação a supermercados alemães por reduzirem demais o valor do produto. Banana tem papel tão importante quanto petróleo no combate à pobreza no Equador.Maior exportador de bananas do mundo, o Equador vem tentando há tempos organizar uma frente de países produtores na América do Sul para impedir a rede alemã de supermercados Aldi de aplicar pressão injusta sobre agricultores locais através de sua política agressiva de preços.

Produção de bananas no Equador ajuda a combater pobreza no país
Produção de bananas no Equador ajuda a combater pobreza no país
Foto: DW / Deutsche Welle

Uma reportagem do jornal alemão TAZ publicada na semana passada afirmou que, além do mercado de descontos Aldi, os rivais nacionais Netto e Edeka também têm vendido banana a menos de um euro por quilo, um valor tão baixo que viola os diretos humanos dos agricultores no Equador e em outros países latino-americanos.

Segundo o site World's Top Exports, o Equador se destacou como o maior exportador de banana do mundo em 2017, tendo sido responsável por 3 bilhões de dólares em vendas, ou 24,6% das vendas globais. Como um todo, a América Latina e o Caribe somaram o maior valor de exportações da fruta no período, totalizando 7,2 bilhões de dólares em vendas.

Só para a Alemanha foram enviadas, em 2018, 90 mil toneladas de bananas produzidas em fair trade (comércio justo) em Costa Rica, Equador, Guatemala e Colômbia, afirma o TAZ. O país europeu tem participação de 12,5% no comércio mundial de bananas. Segundo o jornal, a fruta se tornou "a predileta dos alemães".

O barateamento da banana levou o Equador a interromper suas vendas ao Aldi, e o fornecimento só será retomado quando um preço mais alto por engradado for negociado, informou à DW Dieter Overath, diretor administrativo da Transfair, uma organização alemã sem fins lucrativos.

O governo do Equador protestou contra a política de preços da rede alemã em carta aberta. O Aldi, por sua vez, não respondeu a um pedido de entrevista da DW.

Overath enfatizou que nem todas as redes de supermercados alemãs seguiram a redução de preços do Aldi. Ele mencionou especificamente a rede de descontos Lidl, que anunciou no ano passado que, em breve, venderia apenas bananas fair trade em suas filiais.

"Esperávamos um efeito dominó, que outras redes seguissem [o exemplo]", explicou Overath ao TAZ. "É chocante que esteja acontecendo exatamente o contrário e que a reação de alguns supermercados baratos seja diminuir os preços ainda mais."

Segundo a organização Fairtrade International, com sede em Bonn, na Alemanha, algumas dessas redes de descontos expressaram intenção de reduzir para 4,50 dólares o preço do engradado de 18 quilos de banana.

A instituição calculou ser necessário um valor mínimo de 9,45 dólares por engradado para que se possa oferecer salários decentes e treinamentos aos agricultores locais, permitindo assim que eles atinjam padrões ecológicos modernos de produção. No Equador, segundo o diário TAZ, o preço mínimo definido por lei é de 6,20 dólares por engradado.

A estratégia de precificação agressiva do Aldi e de alguns outros supermercados de descontos na Alemanha atraiu a ira do ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, que deverá viajar à América Latina - incluindo o Equador - daqui a algumas semanas para discutir o assunto com autoridades locais.

Para a Transfair e a Oxfam - outra organização sem fins lucrativos -, são os consumidores que poderão desempenhar um papel decisivo para fazer o Aldi e seus concorrentes reconsiderarem sua política de preços.

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