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Preço da carne bovina tem máxima histórica na Grande São Paulo com demanda da China, diz Cepea

11 nov 2019 - 17h02
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O preço da carne bovina no atacado na Grande São Paulo, principal centro consumidor do Brasil, atingiu uma máxima histórica, com a forte demanda da China e uma oferta mais restrita de animais para abate, afirmou nesta segunda-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Criação de gado em Paulínia (SP) 
30/06/2017
REUTERS/Paulo Whitaker
Criação de gado em Paulínia (SP) 30/06/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Na última sexta-feira, a chamada a "carcaça casada" do boi (traseiro, dianteiro e ponta de agulha) atingiu 12,35 reais por quilo, maior patamar da série do Cepea, iniciada em 2001.

Até então, o maior preço já registrado, de 12,21 reais por quilo, havia sido visto em abril de 2015 (valor deflacionado) pela pesquisa do Cepea.

"Pelo lado da demanda, tem a lógica da China vindo mais forte... A China causou uma pressão altista neste sentido, ao longo do ano", disse o analista de pecuária bovina Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea, centro da Esalq/USP.

Com a ajuda da China, que está elevando compras para enfrentar uma redução da oferta interna de carne advinda da peste suína africana, as exportações de carne bovina in natura do Brasil atingiram máxima histórica para um único mês em outubro, com embarques de 160,1 mil toneladas.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, em um mercado global com poucos players relevantes, que ainda têm alguns limites para atender a demanda.

"Se perguntar: onde se produz carne no mundo? Tem Argentina, Paraguai e Uruguai, mas eles têm limites de área; Austrália problema de seca, já exporta muito... E tem os Estados Unidos... Então o mundo se volta ao Brasil com a esperança de ter uma oferta barata", comentou.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Agricultura informou que a Arábia Saudita habilitou mais oito frigoríficos brasileiros de carne bovina, o que potencialmente significa mais concorrência pela carne entre a exportação e o mercado interno.

Além das exportações --que só recentemente passaram a representar mais do que os tradicionais cerca de 20% da demanda pela carne bovina brasileira--, o Brasil enfrenta uma oferta menor de animais para o abate, o que tem se refletido nos preços da arroba do boi em patamares historicamente elevados.

O valor da arroba bovina no Estado de São Paulo superou na última sexta-feira os 180 reais pela primeira vez, com uma economia com sinais de recuperação também influenciando nas cotações.

Segundo a pesquisa do Cepea, o preço da arroba atingiu 181,90 reais, acumulando alta de 6,5% no mês de novembro.

Quando se deflaciona a série histórica, o patamar atual é superado pelo preço visto em abril de 2016, de 182 reais, e ainda fica um pouco distante da histórica cotação de 190,84 reais, de abril de 2015, valor que também considera a inflação no período, segundo cálculos do Cepea.

"Temos oferta restrita, demanda bastante aquecida, especialmente a demanda para a China, a abate de fêmeas, novilhas e vacas, o que indica menor oferta de bezerro no futuro", explicou Carvalho.

Ele lembrou que o Brasil teve um aumento de produtividade após um período seco em 2014 e 2015, mas o mercado interno ruim levou muitos produtores a abaterem fêmeas, no ano passado e no início deste, o que agora colabora para redução da oferta de gado.

"E tem a economia dando sinais de recuperação, isso gera uma demanda maior, temos que lembrar que cerca de 80% da carne bovina fica aqui", disse o analista, comentando ainda que o varejo está formando estoques para as festas de final do ano, e os frigoríficos estão pagando mais pelo boi.

De acordo com o pesquisador, com uma recuperação das margens da atividade, o pecuarista vai investir, o que pode gerar uma melhora da oferta mais adiante.

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