Premiê da Grécia enfrenta batalha interna por aprovação de pacote de ajuda
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, enfrentará uma grande batalha para convencer sua coalizão a apoiar o terceiro pacote de resgate oferecido por líderes europeus.
O acordo de socorro, de 86 bilhões de euros ao longo de três anos, é condicionado à aprovação de medidas que incluem a reforma do sistema de pensões, impostos sobre produtos e serviços, liberalização do mercado de trabalho e privatização do sistema de energia.
O plano inclui uma reprogramação dos pagamentos da dívida grega "se necessária" - sem mencionar a possibilidade de um perdão de parte da dívida, como pleiteado pela Grécia - e a criação de um fundo de 50 bilhões de euros, dirigido pela Grécia, para privatizar ou gerenciar ativos gregos.
Deste total, metade será usado para recapitalizar bancos gregos. A outra parte servirá para reduzir o montante da dívida grega.
Alguns deste pontos são polêmicos e deverão ter oposição no Parlamento. O resgate prevê que as medidas sejam aprovadas até a noite de quarta-feira.
Mudanças no governo
Vários gregos foram às ruas na segunda-feira em protesto contra o acordo; funcionários públicos deverão realizar uma greve de 24 horas na quarta-feira. Muitos gregos acreditam que o acordo impõe duras exigências ao país.
O ministro da Defesa, Panos Kammenos, cujo partido Gregos Independentes é parceiro do Syriza, partido de Tsipras, na coalizão de governo, considerou o plano um "golpe" e disse que não apoiaria o acordo - apesar de dizer querer se manter no governo.
Segundo Kammenos, ele e seus colegas apoiarão planos acordados por partidos gregos antes do fim de semana "mas nenhuma outra medida imposta."
Cerca de 30 parlamentares do Syriza, liderados pelo ministro de Energia Panagiotis Lafazanis, poderão desafiar Tsipras. Mesmo assim, reformas urgentes seriam aprovadas com a ajuda da oposição.
Tsipras deverá realizar mudanças no governo e, possivelmente, formar um novo governo de união ainda nesta semana. Entre as opções, estaria substituição de integrantes contrários ao resgate.
Se o governo não conseguir aprovar o acordo, bancos gregos, fechados desde 29 de junho, poderão quebrar e o país se ver forçado a deixar a zona do euro.
Estima-se que Atenas precise de 7 bilhões de euros para pagar sua dívida em julho e mais 5 bilhões de euros para agosto. O país também espera que o Banco Central Europeu ofereça assistência emergencial para que bancos possam reabrir.
Parlamentos em diversos países da zona do euro também deverão aprovar o pacote. Desde 2010, a Grécia já recebeu 240 bilhões de euros em dois resgates.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na terça-feira que a Grécia não realizou um pagamento de dívida pelo segundo mês seguido. O país deveria ter pago US$ 500 milhões na segunda-feira, disse o fundo.