Brasil tem recorde em vendas de veículos novos e usados em 2024, diz Anfavea
O setor de veículos do Brasil terminou 2024 com vendas de 14,2 milhões de carros e comerciais leves novos e usados, maior volume já registrado no país, anunciou nesta terça-feira a associação de montadoras, Anfavea.
O recorde superou o pico anterior de 13,7 milhões de veículos em 2019, e corresponde à soma de 2,5 milhões de novos e 11,7 milhões de usados, segundo os dados da entidade.
A Anfavea também afirmou que o crescimento do mercado brasileiro de novos em 2024, de 14,1%, marcou o melhor desempenho entre os principais mercados globais de veículos, bem acima da média global de 2%.
A entidade informou mais cedo que as vendas de veículos novos - carros, utilitários esportivos, picapes, vans comerciais, caminhões e ônibus - no Brasil no ano passado somaram 2,63 milhões de unidades. A produção avançou 9,7%, para 2,55 milhões de veículos.
Com isso, o Brasil manteve a sexta posição mundial entre os maiores mercados do mundo - atrás de China, Estados Unidos, Japão, Índia e Alemanha - e subindo uma posição, para a oitava, entre os maiores fabricantes.
Apesar do forte crescimento nas importações de veículos no ano passado, 32,5%, as montadoras afirmam que terminaram o ano com 107,2 mil postos de trabalho ocupados, um crescimento de 8,3% sobre 2023, a maior expansão do setor desde 2007.
"Estamos investindo 180 bilhões de reais, geramos mais de 100 mil empregos no Brasil, não podemos aceitar esse volume de importação principalmente vindo da China", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, em apresentação dos números do setor a jornalistas.
Segundo os dados da Anfavea, dos 467 mil veículos importados pelo Brasil em 2024, 38% veio de países que não México e Argentina, com quem o Brasil tem seus maiores acordos comerciais no setor. A participação em 2023 era de 25%, após 20% em 2019. Ainda pelos números da entidade, no ano passado, 28% das importações foram de empresas que ainda não fabricam veículos na América Latina, ante 14% em 2023 e 6% em 2022.
Diante dos resultados, Leite voltou a defender a recomposição imediata neste ano do imposto de importação na alíquota cheia de 35% em vez do atual regime gradual em que o tributo subirá para esse patamar até meados de 2026.
"A questão da recomposição do imposto é urgente. Houve excesso de importação. O mundo está se fechando...O Brasil tem que fazer. Todos os mercados aumentaram seus impostos de importação e ainda criaram novos", disse o executivo, oriundo do grupo Stellantis.
"O Brasil continua com tarifa baixa de imposto de importação em relação ao praticado hoje por outros países. Ele acaba sendo foco de entrada do excesso de capacidade de outros países", disse Leite, em referência à China. Segundo a Anfavea, de cada dois carros importados fora do Mercosul pelo Brasil no ano passado, um veio do país asiático.
O presidente da Anfavea também citou como preocupação do setor a perda de participação das montadoras instaladas no Brasil em tradicionais mercados de exportação do país, que também estão vendo os fluxos de veículos da China crescerem, como Chile, Colômbia e México.
"Estamos perdendo participação em mercados que cresceram...O Brasil precisa exportar mais, está perdendo participação em seus principais mercados", disse Leite.
Além dos dados do ano passado, a Anfavea também divulgou nesta terça-feira que os licenciamentos de dezembro somaram 257,4 mil veículos, um crescimento de 1,6% na comparação mensal e avanço de 3,6% no comparativo anual. Já a produção somou 190,1 mil veículos em dezembro, uma queda de 19,5% sobre novembro, mas crescimento de 10,8% ante o mesmo mês de 2023.