Produção industrial tem pior série de perdas desde 2010
Queda mensal de 1,4% em relação a maio marca o quarto resultado negativo seguido em 2014; na comparação anual, o recuo foi de 6,9%
A produção industrial brasileira recuou 1,4% em junho, marcando o quarto mês seguido de queda na pior série de perdas desde 2010, porém num resultado melhor do que o esperado. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial caiu 6,9% em junho, também quarta taxa negativa seguida, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
"A magnitude da queda tem relação direta com menos dias de trabalho por conta da Copa (do Mundo) e com redução da jornada de trabalho e férias dadas nas montadoras", afirmou o economista do IBGE André Macedo.
Pesquisa da Reuters com economistas mostrou que as medianas apontavam queda da atividade de 2,25% na base mensal e de 7,65% sobre um ano antes.
Nos quatro meses até junho, a queda acumulada da produção foi de 3,4%, segundo o IBGE. A última vez que a produção caiu por quatro meses seguidos foi entre maio e agosto de 2010, quando recuou 1,9% ao todo.
A produção mostrou fraqueza generalizada entre os segmentos de produção, fechando o segundo trimestre com retração de 5,4% sobre igual período de 2013. O IBGE informou ainda que a categoria Bens de Capital, medida de investimento, registrou recuo de 9,7% em junho sobre maio e de 21,1% na comparação com um ano antes.
Os Bens de Consumo Duráveis tiveram o pior resultado mensal desde o início da série histórica, com queda de 24,9% em junho, recuando 34,3% sobre junho de 2013.
Entre os ramos de atividade, o IBGE destacou que 18 dos 24 pesquisados apresentaram perda em junho, sendo as principais influências negativas veículos automotores, reboques e carrocerias (-12,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,6%).
"A Copa potencializou o movimento de queda da indústria, que continua sendo afetada por nível de estoque alto, baixo nível de confiança do empresário, menor demanda doméstica e crédito mais restrito", afirmou Macedo.
A indústria não tem conseguido se desvencilhar do baixo de nível de confiança, que em julho chegou ao menor patamar desde abril de 2009. As constantes quedas de produção também têm provocado cortes de empregos e, somente em junho, custaram cerca de 28,5 mil empregos, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Economistas veem contração de 1,15% da indústria neste ano, segundo pesquisa Focus do Banco Central. Para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas), a expectativa é de expansão de apenas 0,9%, muito aquém dos 2,5% vistos em 2013.