Projeções econômicas do Fed ocupam foco diante da expectativa de manutenção dos juros
O Federal Reserve deve manter a taxa de juros inalterada ao fim da reunião desta quarta-feira, mas o foco estará na divulgação de novas projeções econômicas que mostrarão se as autoridades ainda veem os juros caindo até o final do ano, à medida que analisam as implicações dos dois primeiros meses do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Uma nova declaração de política e as projeções serão divulgadas às 15h (horário de Brasília), ao final de um encontro de dois dias focado em como as perspectivas econômicas mudaram desde a posse de Trump em 20 de janeiro. O chair do Fed, Jerome Powell, realizará uma coletiva de imprensa meia hora depois.
Desde que retornou à Casa Branca, Trump impôs tarifas sobre as importações da China e sobre compras de aço e alumínio, além de ameaçar a implementação de taxas mais amplas sobre as importações de parceiros comerciais no próximo mês. Ele também impôs restrições à imigração e iniciou demissões em massa de funcionários federais.
Após a eleição e durante a reunião do Fed de 28 e 29 de janeiro, os membros do Fed falaram sobre a crescente incerteza em relação a como os planos do novo governo poderiam influenciar uma economia que, na opinião deles, está forte e preparada para um crescimento contínuo com inflação em queda.
O Fed reduziu os juros em um ponto percentual no ano passado, em meio à desaceleração da inflação, e as autoridades previram que estavam em uma marcha constante em direção a uma taxa de juros neutra, o nível que não estimula nem restringe a atividade econômica.
Com as repercussões iniciais das ações do governo sentidas nos mercados e na queda da confiança e do emprego no governo, as próximas projeções podem fornecer mais detalhes sobre se os membros esperam um crescimento mais lento e uma inflação mais alta como resultado, ou um resultado mais benigno.
Uma pesquisa recente da Reuters mostrou os economistas quase unânimes em achar que os riscos de recessão aumentaram. As pesquisas de confiança das empresas e dos consumidores têm tido quedas, e as autoridades do governo reconheceram que suas ações podem custar caro, pelo menos no curto prazo.
Até o momento, os dados mais observados pelo Fed sobre inflação e desemprego ainda não registraram um grande impacto dos planos de Trump. A taxa de desemprego subiu para 4,1% em fevereiro e a economia criou 151.000 postos de trabalho; a inflação continua acima da meta de 2% do Fed, e se espera que a próxima leitura de fevereiro mostre um ligeiro aumento.
As novas projeções do Fed incluirão as estimativas de fim de ano de todos as 19 autoridades para o crescimento, desemprego, inflação e patamar da taxa de juros, com os mercados normalmente concentrados nas leituras medianas.
Antes da reunião desta semana, os investidores previram que o Fed aprovaria dois cortes de 0,25 ponto percentual nos juros até o final deste ano, reduzindo a taxa para a faixa de 3,75% a 4,00%.
Embora essa expectativa corresponda ao que as próprias autoridades do Fed previram em dezembro, a situação se tornou mais complexa.
O escopo completo dos planos de Trump ainda não é certo. A maior parte das tarifas prometidas, que devem atingir fortemente México e Canadá, a indústria automobilística e, de fato, grande parte do resto do mundo, ainda está em formação. E há debates urgentes à frente sobre o teto da dívida federal e o desejo de Trump de estender os cortes de impostos de seu primeiro mandato na Casa Branca.
As autoridades do Fed podem não falar diretamente sobre nenhuma dessas questões. Eles têm tido o cuidado de estruturar seu debate em torno da inflação e do desemprego - as questões centrais para a política monetária - e não, como disse Powell em sua coletiva de imprensa após a reunião de 29 de janeiro, "criticar ou elogiar" as políticas do governo.
Mas as projeções desta quarta-feira podem mostrar mudanças na percepção de incerteza e risco desde dezembro.
