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'Promessas difíceis de cumprir' marcam 2º debate eleitoral à Prefeitura de São Paulo

Encontro promovido pelo Terra em parceria com o Estadão e a Faap ficou marcado também pela intensa troca de acusações entre os participantes

14 ago 2024 - 18h52
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Candidatos à Prefeitura de São Paulo durante debate promovido pelo Terra em parceria com o Estadão e a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Candidatos à Prefeitura de São Paulo durante debate promovido pelo Terra em parceria com o Estadão e a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Foto: Montagem/Terra

A campanha eleitoral começa oficialmente na sexta-feira, 16, mas os eleitores de São Paulo puderam conhecer nesta quarta-feira, 14, algumas das propostas de seis dos oito candidatos à Prefeitura de São Paulo, em debate promovido pelo Terra, em parceria com o Estadão e a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Participaram do debate Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB). 

Em cinco blocos, os candidatos tiveram a oportunidade de discutir e apresentar propostas para os principais problemas enfrentados pela população da cidade de São Paulo. No entanto, o encontro ficou marcado pela intensa troca de acusações entre os participantes e promessas não tão factíveis de cumprir, seja por resistência social, inviabilidade técnica ou por representar perdas na receita municipal. 

Empatados nas pesquisas, o prefeito Ricardo Nunes e o deputado federal Guilherme Boulos foram os principais alvos dos seus oponentes. Sem poupar Nunes, Pablo Marçal e Marina Helena direcionaram seus argumentos e críticas em maior intensidade ao candidato Guilherme Boulos, enquanto Tabata Amaral e José Luiz Datena concentraram as críticas em Nunes, poupando Boulos de questionamentos mais duros. 

Propostas

Construção de um Parque Tecnológico (Tabata), de uma frota elétrica (Boulos) e isenção de impostos para empresas se instalarem em regiões periféricas (Datena) foram algumas das promessas exploradas pelos candidatos durante o debate, que teve a jornalista Roseann Kennedy, âncora do programa Dois Pontos, como mediadora, além de repórteres do Terra e do Estadão, assim como alunos e professores da Faap, como co-hosts. 

A proposta de isenção fiscal para as empresas, que também foi defendida pela candidata do Novo como forma de atrair investimento e inovação tecnológica para a cidade, pode ser factível, mas difícil de cumprir, na avaliação de Otto Nogami, economista e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). Outra proposta que apresenta desafios significativos é a de transformar favelas em parques olímpicos (Marçal).

"Transformar favelas em parques olímpicos requereria uma grande quantidade de investimentos, planejamento urbano e, sobretudo, políticas habitacionais robustas para realocar moradores com dignidade. O maior desafio seria a desapropriação, relocação dos moradores e a resistência social. Seria um processo complexo e de longo prazo", diz Otto Nogami.

Sobre a isenção, o economista disse que pode ser uma estratégia válida para estimular o desenvolvimento econômico local, mas precisa ser bem planejada. "Sem um plano abrangente, essas isenções podem resultar em perda de receita municipal, sem garantir contrapartidas suficientes em termos de empregos ou benefícios econômicos", explica o economista.

Ambas as propostas, na avaliação dos especialistas, requerem um planejamento cuidadoso, políticas públicas bem articuladas e uma visão de longo prazo para serem implementadas de maneira eficaz. No entanto, sem o devido estudo e preparação, há riscos consideráveis de que essas iniciativas não atinjam os resultados esperados ou que criem novas dificuldades para a cidade.

José Carlos de Souza Filho, economista e professor da FIA Business School, argumentou que vários candidatos acenaram com a isenção de tributos em troca de contratação local, inclusive o atual prefeito Ricardo Nunes, mas ponderou que para um orçamento de R$ 111,8 bilhões, sendo R$ 56 bilhões proveniente de tributos, nota-se uma grande quantidade de iniciativas onerosas. 

"Poucos candidatos falaram das fontes de recursos para as obras necessárias e quando falaram em orçamento, seria para ou isentar, ou dando a garantia de que não haveria aumento na tributação. Pouca preocupação com os custos das iniciativas usando isenção como estímulo para projetos inovadores ou para solucionar problemas existentes", analisou o economista.

A pedido do Terra, José Carlos de Souza Filho elencou algumas das propostas que os candidatos não explicaram as fontes de financiamento ou demonstraram pouca preocupação com os custos efetivos de implementação desses programas. Ele cita, por exemplo, a criação de agências de microcrédito para pequenos empreendedores; aumento do aluguel social, congelado há alguns anos, e amparo a 80 mil moradores de rua. 

Promessas factíveis

Pelo lado das propostas factíveis, Otto Nogami citou duas que na visão dele são possíveis de serem cumpridas. A primeira é a  criação de um parque tecnológico nas periferias de São Paulo, que, na avaliação dele, pode ser uma proposta mais factível e estratégica do que transformar favelas em parques olímpicos. "Um parque tecnológico poderia atrair empresas inovadoras e startups, gerar empregos qualificados, e promover o desenvolvimento econômico local". 

A segunda é a adoção de uma frota 100% elétrica em São Paulo, que na avaliação do economista pode trazer inúmeros benefícios, como a redução da poluição do ar, menores custos operacionais a longo prazo, e o cumprimento de metas ambientais. "Para o município, promover uma transição para veículos elétricos poderia incluir incentivos fiscais, subsídios para aquisição de veículos elétricos e o desenvolvimento da infraestrutura de recarga", diz Otto. 

Sobre essa última proposta, José Carlos de Souza Filho pondera que o aumento da frota de ônibus elétricos, por exemplo, dependem de infraestrutura de abastecimento e R$ 6 bi para a ampliação da frota atual. Otto Nogami defendeu, no entanto, a proposta de implantação de uma frota elétrica argumentando que é uma estratégia de longo prazo que requer investimentos iniciais significativos, mas que pode oferecer grandes benefícios ambientais e econômicos para a cidade.

As eleições municipais de 2024 acontecem no dia 6 de outubro, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno pode acontecer no último domingo de outubro, no dia 27, se assim for decidido pelo povo. Se for o caso, o Terra realizará mais um debate com os dois candidatos no dia 16 de outubro.

Fonte: Redação Terra
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