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Protecionismo dos EUA deve acirrar com Trump e aumentar competitividade chinesa em máquinas no Brasil, diz Abimaq

2 dez 2024 - 16h36
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O protecionismo norte-americano deve se acirrar no próximo ano com a novo governo do presidente republicano eleito Donald Trump, o que pode aumentar a competição chinesa no setor brasileiro de máquinas e equipamentos, afirmou o presidente-executivo da associação que representa a indústria, Abimaq, José Velloso.

"A política restritiva dos Estados Unidos já é um problema porque a China está buscando novos mercados, e entre eles o Brasil. Com o Trump, a gente acredita que isso vai se acirrar", afirmou o executivo à Reuters nesta segunda-feira, em evento de final de ano da entidade em São Paulo.

No setor de máquinas e equipamentos, de janeiro até outubro deste ano, os bens chineses responderam pela maior parcela (31%) das importações realizadas pelo Brasil, crescimento de 5,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados da Abimaq. No mês de outubro, 40% do total importado teve origem da China.

Velloso comentou que desde a primeira eleição de Trump, os EUA têm intensificado uma política protecionista e acirrado sua guerra comercial com a China, levando o país asiático a buscar novos mercados, incluindo o Brasil.

O executivo relembrou as reivindicações do setor siderúrgico por uma maior alíquota de importação para produtos da China, as discussões do setor de varejo, principalmente o têxtil, sobre a gigante chinesa Shein, e a indústria automotiva que agora divide mercado com os automóveis elétricos e híbridos chineses.

"Isso vai se acirrar e aí pode aumentar o desvio de comércio da China vindo para o Brasil", afirmou, embora tenha dito que não acredita que Trump será "tão radical e agressivo" como tem se apresentado nos discursos e ao longo de sua campanha à Presidência.

"Se os Estados Unidos se isolam do México, do Canadá, do Brasil, começam a se isolar do mundo, ele vai fazer o jogo da China. Ele vai pegar esses países em desenvolvimento e vai jogar no colo da China", disse Velloso, acrescentando que os EUA são o maior parceiro comercial do Brasil em manufaturados.

Ele também descartou que os setores econômicos brasileiros dependentes do comércio chinês, como o agronegócio, aceitem qualquer "retaliação" à China semelhante à prometida por Trump.

"E nós da indústria de transformação ficamos no meio disso... É um problema que nós vamos ter que lidar nos próximos meses e acompanhar qual vai ser a política externa do Brasil e do Mercosul em relação ao aumento de importações da China."

Trump, que garantiu seu retorno à Casa Branca no mês passado, tem dito que irá impor grandes tarifas aos três maiores parceiros comerciais do país -- Canadá, México e China -- e no último final de semana afirmou que poderá taxar os países-membros do Brics em até 100% caso o grupo não se comprometa a não criar uma moeda comum do bloco de países emergentes ou não apoiar outra moeda que substitua o dólar.

"Eu acho que isso não vai acontecer, porque eu acho que os empresários, o setor, o mercado não vai fugir do dólar", disse o presidente-executivo da Abimaq. "Acho difícil que o empresário brasileiro saia do padrão dólar para um padrão Brics que não sabemos ainda qual é."

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