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Qual é a melhor moeda para realizar compras nos free shops na fronteira entre o Brasil e o Uruguai?

Quem visita as cidades de Sant'Ana do Livramento e Rivera não precisa fazer migração, o que facilita as compras e o acesso ao país vizinho

19 jan 2024 - 05h00
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Resumo
As cidades de fronteira entre o Brasil e o Uruguai oferecem compras em free shops com diversas opções de moedas, que variam de acordo com a cotação do dólar. O pagamento com cartão de crédito também se tornou vantajoso, com expectativa de redução na taxa de IOF. Há limite de 500 dólares durante as compras, devido ao pagamento do imposto de importação.
Fronteira do Brasil com o Uruguai
Fronteira do Brasil com o Uruguai
Foto: Wikimedia Commons

A cada final de semana, centenas de pessoas visitam a região de fronteira entre Brasil e Uruguai para realizar compras em free shops (lojas que vendem produtos com isenção de impostos) em busca de produtos com taxa zero. Para aqueles inexperientes e sem as 'manhas' do comércio local, pode surgir a dúvida a respeito de qual moeda usar nas compras: peso uruguaio, dólar, real ou cartão de crédito internacional?

Em entrevista ao Terra, Altacir Bunde, economista e professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Pampa, explica que, até o final de 2023, a compra em real era amplamente utilizada na fronteira, devido a cotação do dólar que oscilava em torno de R$ 4,95 a R$ 5,00. No entanto, desde janeiro de 2024, com a redução do IOF de 5,38% para 4,38% -- e a proposta de zerar essa taxa até 2028--, essa realidade pode mudar. A opção entre pagar em real, peso ou dólar nos free shops dependerá do cálculo entre a cotação do dólar no Brasil, o valor do IOF e a taxa de câmbio adotada nos free shops.

“Com a expectativa de mais redução na taxa de IOF, pode ser vantajoso utilizar o cartão de crédito, mesmo considerando a taxa de 4,38%. No entanto, a compra em peso também é comum, especialmente para uruguaios. A escolha entre as moedas depende da taxa de câmbio e da preferência do local de compra, pois nem todos os estabelecimentos aceitam todas as moedas”, explica Altacir.

Em resumo, a escolha sobre qual moeda usar para as compras vai depender da diferença entre a taxa de câmbio local e a do Brasil. Se a diferença for menor que 4,38%, é vantajoso usar o cartão de crédito; se for maior, opta-se pela conversão ou compra do dólar

Cidades das compras e perfil dos clientes

Alguns potenciais clientes que visitam as cidades de Sant'Ana do Livramento, no Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, e Rivera, no Uruguai, percorrem centenas de quilômetros à procura de mercadorias para revenda, buscando empreender e garantir uma renda extra.

Além desse perfil, conhecido popularmente na região como 'sacoleiros', há também outro grupo de visitantes, pertencente à população de classe média, que se deslocam do Brasil para comprar produtos como bebidas e perfumes.

Hoje, a economia das cidades de fronteira é movimentada majoritariamente devido ao turismo, atraindo não somente os brasileiros, como também argentinos e os próprios uruguaios moradores de outros municípios do país. 

Santana do Livramento
Santana do Livramento
Foto: Wikimedia Commons

Formas de pagamento

Embora a moeda oficial do Uruguai seja o peso uruguayo, nos comércios de ambas as cidades são aceitos moedas de diferentes países. É muito comum o cliente pagar suas compras em real, por exemplo, e o atendente perguntar se ele deseja receber o troco em peso, dólar ou real.

Mas desde o começo janeiro de 2024, a redução do IOF de 5,38% para 4,38% tornou a opção de pagar no cartão de crédito mais viável, dependendo da diferença entre a cotação do dólar no Brasil e a taxa de câmbio adotada nos free shops, que muda diariamente.

Segundo o economista e professor Altacir Bunde, a partir de 2025, com a expectativa da redução na taxa de IOF para 3,38%, fazer a compra diretamente no cartão de crédito pode mesmo ser mais vantajoso. 

Limite para compras

O limite de compra na fronteira é de 500 dólares, e as pessoas frequentemente dividem esse valor entre membros da família para ficar dentro da cota e evitar o pagamento do imposto de importação. A escolha entre real, peso, dólar ou cartão de crédito depende muito da pessoa, e se ela está ligada na taxa de câmbio do dia a dia.

As compras nos free shops são exclusivas para estrangeiros de qualquer nacionalidade mediante a apresentação de documento oficial com foto que é solicitado no caixa para controle da cota de compras por comprador. 

Em entrevista ao Terra, a uruguaia naturalizada brasileira Silvia Maria Puentes Bentancourt explica que é comum brasileiros verem cidadãos uruguaios comprando nos free shops, e se perguntarem como e por que realizam as compras nos estabelecimentos exclusivos para estrangeiros. 

“Aqui na fronteira é muito comum uruguaios se casando com brasileiros e vice-versa. Por ser naturalizada brasileira, eu tenho direito de comprar nos free shops, e existem diversos uruguaios que também são naturalizados brasileiros, além de brasileiros naturalizados uruguaios. Isso é comum aqui na região”, detalha.

Nascida em Rivera, Silvia migrou para Porto Alegre (RS) aos 17 anos para estudar e trabalhar na capital gaúcha. Hoje, aos 60 anos de idade, retornou para a sua cidade natal e trabalha como servidora pública em um campus da Universidade Federal do Pampa, instituição brasileira localizada em Livramento.

Para a reportagem, Sílvia explicou que, devido ao seu pagamento ser em real, não costuma converter seu dinheiro para peso ou dólar quando realiza compras em free shops ou comércio do lado uruguaio. “Quando a gente vai a um câmbio, a gente acaba perdendo alguma coisa [em valores], então não sou muito de mudar a moeda, mas seria o mais conveniente. Como eu recebo em reais, acabo pagando tudo em reais também", completa.

Alívio durante a crise

Historicamente, a cidade de Sant'Ana do Livramento foi uma das mais prósperas devido à presença de grandes frigoríficos e indústrias. No entanto, a partir do final da década de 80, quando o País enfrentou uma crise acentuada que resultou na estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) e em taxas de inflação sem precedentes, a situação econômica da cidade mudou, levando à perda da população, que acabou migrando para outras regiões.

“Rivera, a cidade Uruguaia, vizinha a Livramento, em particular, enfrentou uma crise -- nos anos 80 e início dos anos 90 -- que começou a ser revertida com o surgimento dos free shops no Uruguai. A proposta de criar uma área de zona livre de comércio na região, com impostos zero para produtos importados, transformou significativamente a Rivera e também Sant'Ana do Livramento” , pontua Altacir. 

Por estarem localizadas em uma região de fronteira "seca", onde de um lado está localizado o Brasil e do outro, o Uruguai, a proximidade e parceria entre as cidades beneficiam ambas. Diversos cidadãos uruguaios residem e trabalham no Brasil, e vários cidadãos brasileiros trabalham e moram no Uruguai. Com a circulação dessa mão de obra, as cidades se consolidam, gerando empregos e renda para a população.

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Fonte: Redação Terra
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