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Qual foi a reação de outros países após Trump anunciar tarifa de 25% sobre carros importados?

Países ao redor do mundo reagiram negativamente ao anúncio, incluindo propostas de medidas retaliatórias

27 mar 2025 - 12h17
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, 26, uma tarifa de 25% sobre automóveis fabricados no exterior e enviados para os EUA. A medida visa incentivar as empresas a instalar mais fábricas nos Estados Unidos.

A tarifa entrará em vigor em 3 de abril e será aplicada a veículos de passeio importados (sedãs, utilitários esportivos, crossovers, minivans, vans de carga) e caminhões leves, bem como a peças automotivas essenciais (motores, transmissões, peças de trem de força e componentes elétricos), com processos para expandir tarifas sobre peças adicionais, se necessário.

"Vamos cobrar os países por fazer negócios em nosso país, tomar nossos empregos, tomar nossa riqueza", afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca. Um dos assessores de Trump explicou que essas tarifas serão adicionadas às taxas pré-existentes (geralmente de 2,5%), o que significa que os carros importados serão taxados em 27,5% do seu valor.

No entanto, para os veículos elétricos chineses, que foram taxados em 100% desde agosto, os impostos alfandegários aumentarão para 125%. O projeto ainda inclui uma exceção: veículos montados no México ou no Canadá estarão sujeitos a um imposto de 25% apenas sobre a parcela de peças de reposição não originárias dos Estados Unidos.

Países ao redor do mundo reagiram negativamente ao anúncio de Trump. Veja o que disseram Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, França, Japão, México e Reino Unido sobre a decisão.

Alemanha

O governo alemão pediu nesta quinta-feira, 27, à União Europeia uma "resposta firme" ao aumento das tarifas americanas sobre os automóveis. "Deve ficar claro que não nos dobraremos perante os Estados Unidos", disse em um comunicado o ministro da Economia e vice-chanceler, Robert Habeck.

Canadá

O primeiro-ministro canadense Mark Carney afirmou na quarta-feira que as tarifas são um "ataque direto" ao seu país e que a guerra comercial está prejudicando a população, considerando que a confiança do consumidor americano está no nível mais baixo em vários anos.

"Nós defenderemos nossos trabalhadores. Defenderemos nossas empresas. Defenderemos nosso país", disse Carney, que ainda ressaltou que precisa ver os detalhes da ordem executiva de Trump antes de tomar medidas retaliatórias. Ele chamou a decisão de injustificada e disse que deixará a campanha eleitoral para ir a Ottawa nesta quinta-feira para presidir sua comissão especial do Gabinete sobre as relações com os Estados Unidos.

Carney anunciou anteriormente um fundo de resposta estratégica de US$ 1,4 bilhão, que protegerá os empregos canadenses na indústria automobilística afetados pelas tarifas de Trump. Os automóveis são o segundo maior produto de exportação do Canadá. Carney observou que o setor emprega diretamente 125 mil canadenses e quase outros 500 mil em indústrias relacionadas.

"Ele quer nos destruir para que a América possa nos dominar", disse Carney. "A relação entre o Canadá e os Estados Unidos mudou. Não fomos nós que a mudamos", complementou.

O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, cuja província concentra a maior parte da indústria automotiva do Canadá, disse que as fábricas de automóveis de ambos os lados da fronteira fecharão simultaneamente se as tarifas forem adiante.

Trump declarou uma guerra comercial contra seu vizinho do norte e continua pedindo que o Canadá se torne o 51º estado, uma posição que enfureceu os canadenses.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul, um aliado chave dos EUA na Ásia-Pacífico que também depende das exportações de carros para os Estados Unidos, também espera um impacto em sua economia, afirmam analistas. A Coreia do Sul exportou US$ 34,7 bilhões em carros para os Estados Unidos em 2024, representando quase metade das exportações totais de carros no ano passado, segundo a Korea International Trade Association.

O Ministério de Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul realizou uma reunião de emergência na quinta-feira para discutir as possíveis consequências das tarifas de Trump. No entanto, a resposta de Seul ao conjunto de anúncios tarifários tem sido prejudicada pela instabilidade política devido ao processo de impeachment de seu presidente, cuja remoção do cargo desencadearia uma eleição antecipada e prolongaria o vácuo de liderança.

Enquanto isso, as empresas sul-coreanas estão reagindo com planos para fazer mais negócios nos Estados Unidos. A Hyundai Motor anunciou esta semana um plano de investimento de US$ 21 bilhões para aumentar a capacidade de produção nos Estados Unidos e criar mais de 1.400 empregos - um plano que Trump recebeu como "uma demonstração clara de que as tarifas funcionam muito bem".

França

O ministro francês da Economia, Éric Lombard, qualificou como uma "muito má notícia" a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor as novas tarifas de 25% aos carros fabricados fora do seu país.

"A agressividade está aumentando. É uma muito má notícia e um ato evidentemente não cooperativo, em uma situação em que a cooperação nos permitirá resolver o problema", afirmou Lombard na rádio pública France Inter.

Para o ministro francês, "a única solução para a União Europeia será aumentar as tarifas aos produtos americanos e a lista está sendo elaborada pela Comissão".

Japão

O Japão, um gigante da fabricação de automóveis, está considerando uma resposta "apropriada" às novas tarifas. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou na quinta-feira que o Japão está colocando "todas as opções" na mesa. Ishiba não especificou quais opções o Japão está considerando, mas não descartou tarifas retaliatórias, embora especialistas afirmem que seria difícil para o Japão revidar, dada a economia dependente das exportações de Tóquio e as preocupações em prejudicar sua aliança de segurança com Washington.

Ishiba repetiu na quinta-feira que o Japão é o maior investidor estrangeiro nos Estados Unidos e que esses investimentos ajudaram a criar empregos americanos.

As tarifas podem ter "um impacto significativo na relação econômica entre o Japão e os EUA", afirmou o porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi. O setor automotivo é essencial para a economia do Japão, e suas montadoras - como Toyota, Honda, Mazda, Nissan e Subaru - dependem do mercado dos EUA.

Os carros representaram quase um quinto das exportações do Japão em 2024, e os EUA são o maior mercado, comprando um terço de todos os veículos exportados, segundo o Ministério das Finanças do Japão.

Analistas afirmam que as tarifas elevariam os preços dos carros japoneses e resultariam em menos vendas em seu maior mercado. Poderiam também criar efeitos por toda a cadeia de suprimentos, como semicondutores e aço, afetar os salários (que estavam começando a subir no ritmo mais rápido em três décadas) e prejudicar a renda das famílias em um momento em que os japoneses estão sofrendo com a inflação após décadas de preços em queda.

México

O México dará uma "resposta abrangente", afirmou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. "No dia 3 de abril, daremos uma resposta abrangente sobre o que o México fará diante dessa situação, e isso não significa que as portas para o trabalho com os Estados Unidos estão fechadas", disse em sua coletiva de imprensa matinal.

O México buscará um "tratamento preferencial" dos Estados Unidos em relação às tarifas anunciadas, a fim de reduzir o impacto na atividade econômica, disse o secretário mexicano de Economia, Marcelo Ebrard, na mesma ocasião.

"Se vamos adotar um sistema de tarifas tão altas, o que precisamos buscar é um tratamento preferencial para o México", a fim de "proteger nossos empregos e a atividade econômica" do país, disse.

Reino Unido

A ministra britânica de Finanças, Rachel Reeve, afirmou na quinta-feira que o governo não tem intenção de "intensificar" as guerras comerciais, quando questionada sobre a possibilidade de uma resposta ao anúncio do presidente dos Estados Unidos.

"As guerras comerciais não beneficiam ninguém. Elas causarão um aumento nos preços ao consumidor, o que elevará a inflação (...) e, ao mesmo tempo, dificultará a exportação das empresas britânicas", afirmou Reeves.

O Reino Unido está atualmente em negociações com os Estados Unidos para tentar concluir um acordo econômico que permita evitar as tarifas que o país norte-americano impôs a vários países nas últimas semanas. / COM AP, WP e AFP

Estadão
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