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'Qualquer coisa que fala, o mercado fica irritadinho; vamos deixar disso', critica Bolsonaro

Nos últimos dias, investidores têm demonstrado preocupação com as medidas em estudo pelo governo, temendo que elas batam de frente com regras importantes, como o teto de gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal

11 fev 2021 - 21h19
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro demonstrou irritação com o mercado financeiro, que demonstra instabilidade nos últimos dias com o temor de que a prorrogação do auxílio emergencial e os planos de reduzir impostos sobre combustíveis desrespeitem regras fiscais.

"Nós queremos tratar da diminuição dos impostos num clima de tranquilidade e não num clima conflituoso no Brasil. E o pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala aqui, vocês ficam aí irritadinhos na ponta da linha, né. Sobe dólar, cai a Bolsa", afirmou, em sua live semanal nas redes sociais.

Bolsonaro reclamou da postura de investidores e agentes do mercado financeiro em live nas redes sociais.
Bolsonaro reclamou da postura de investidores e agentes do mercado financeiro em live nas redes sociais.
Foto: Facebook/Reprodução / Estadão

A preocupação dos investidores, traduzida pela alta do dólar e queda na Bolsa, é de que as medidas em estudo do governo batam de frente com algumas regras, como o teto de gastos (que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação), a regra de ouro (que proíbe o governo de se financiar para bancar gastos correntes) e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que exige, por exemplo, corte em isenções ou aumento de impostos para cortar outros tributos.

"Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder. Vocês também, pô. Então vamos deixar de ser irritadinhos que não vai levar a lugar nenhum. A gente está buscando soluções. Uma das maneiras de nós diminuirmos o preço do combustível é se o dólar cair aqui dentro. Mas qualquer negocinho, qualquer boato na imprensa, está aí esse mercado nosso, irritadinho. Aí sobe o dólar. Todo mundo perde com isso, pessoal", acrescentou.

O presidente reconheceu que uma nova rodada de pagamentos do auxílio emergencial por mais alguns meses aumentaria o endividamento, mas disse que o governo trabalha com responsabilidade para fechar uma proposta sobre o tema. Ele reiterou que a ajuda será "emergencial, não vitalícia".

"Não pode, quando se fala em discutir por mais alguns meses, poucos meses, a prorrogação do auxílio emergencial o mercado ficar se comportando dessa forma que está aí. 'Ah, vamos dar um sinal para eles de que não queremos isso'. Pessoal, vocês sabem o que é passar fome?", questionou. "Vocês sabem a necessidade que esse povo passa para simplesmente não estender a mão numa hora de necessidade? Nós sabemos."

Bolsonaro disse que o Brasil vive uma situação crítica, com uma dívida interna de cerca de R$ 5 trilhões. "Você, contribuinte, paga muito para rolagem dessa dívida. Então nós queremos é, com responsabilidade, diminuir a carga tributária no Brasil", disse.

Estadão
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