Quando uma conta em dólar vale a pena? Especialista responde
Brasileiros começaram a usar o produto para economizar em sites que vendem em moeda estrangeira
Um em cada cinco brasileiros da classe A já possui conta com saldo em moeda estrangeira, segundo pesquisa C6 Bank/Ipec. Quanto aos entrevistados de classes A e B, esse percentual fica em 12%.
Há alguns anos, as contas em moeda estrangeira eram oferecidas apenas para clientes do segmento private dos bancos tradicionais. O banco digital C6 Bank lançou sua Conta Global com saldo em dólar em dezembro de 2019, e em 2020 o banco lançou a conta com saldo em euro.
Atualmente, o banco Inter e outras fintechs também oferecem uma conta global, também chamada de conta internacional.
A pesquisa C6 Bank/Ipec ouviu 1.000 brasileiros das classes A e B com acesso à internet entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
Para 40% dos entrevistados que abriram uma conta internacional, o principal motivo para fazê-lo foi juntar dinheiro para a próxima viagem ao exterior, e 35% querem economizar nas viagens internacionais.
A pesquisa também mostra que 27% dos brasileiros começaram a usar o produto para economizar em sites que vendem em moeda estrangeira e 26% para transferir recursos para fora do país. Para saber se uma conta vale a pena no seu caso, veja respostas de um especialista:
Quando ou para quem é vantajoso ter uma conta em dólar?
Uma das principais vantagens de uma conta corrente em moeda estrangeira é a economia ao fazer compras fora do Brasil. No caso da Conta Global, a cotação comercial é usada como base para realizar a conversão, com valor mais baixo que a categoria turismo, utilizada pelas casas de câmbio.
Além disso, compras em moeda estrangeira feitas com cartões de crédito internacionais pagam 6,38%, enquanto em uma conta internacional a alíquota cai para 1,1%.
O cliente economiza também com taxas bancárias. No caso do C6 Bank, o spread é 2% na conta em dólar e de 2,5% na conta em euro, enquanto pode chegar a 7% no cartão de crédito emitido por bancos brasileiros.
Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School, explica como funciona uma conta corrente em dólar: “A conta corrente em dólar geralmente é feita em um banco no exterior, e permite que a pessoa faça pagamentos em dólares, funciona como a nossa conta corrente no Brasil. Esta modalidade é recomendada para quem precisa transacionar com o exterior, por exemplo, tem negócios, residência ou parentes fora do Brasil e, portanto, possui pagamentos e recebimentos regulares em moeda estrangeira”, disse o especialista.
Olivo ressalta ainda que existe também uma outra possibilidade de conta em dólar, que é a conta investimento, e funciona como as contas de corretoras no Brasil.
“Normalmente é aberta em uma corretora no exterior e não permite pagamentos, apenas investimentos em renda variável, renda fixa e demais ativos financeiros negociados em bolsa de valores. Essa conta é interessante para o investidor que deseja diversificar sua carteira, pois oferece investimentos não disponíveis no Brasil”, detalhou Olivo.
Quais os riscos de ter uma conta em dólar?
Rodolfo Olivo explica que hoje em dia essas contas em geral são bastante seguras, mas é importante que seja verificada a idoneidade do banco ou corretora no qual a pessoa está abrindo a conta.
“Além disso é importante lembrar que a remessa dos dólares para o exterior precisa ser feita por meio de agente autorizado pelo Banco Central e as contas e saldos devem ser informados na Declaração de Imposto de Renda, caso contrário, pode ser caracterizado crime de evasão de divisas. Por fim há, claro, o risco cambial em si, ou seja, os saldos em dólares podem perder valor em reais em caso de valorização do câmbio”, diz ele.
Quais alternativas à conta no exterior, para quem quer economizar em viagens?
Apesar de ser uma forma de economizar, a conta no exterior pode não ser a melhor alternativa em todos os casos, como para quem viaja pouco.
“Para quem vai viajar, há outras alternativas, como por exemplo os fundos cambiais, nos quais é possível fazer uma aplicação em reais no Brasil e receber o equivalente à variação cambial. Assim, se o objetivo for apenas a viagem, não há necessidade de abrir uma conta, fazer a remessa dos recursos, declarar para o Imposto de Renda, todo esse trabalho”, finalizou Rodolfo Olivo.