Quem é Júnior Pedroso, o empresário de futebol que já movimentou bilhões em vendas de jogadores
Agente já trabalhou com grandes nomes do futebol brasileiro, como Neymar, França, Alexandre Pato, Antony e Lucas Moura
Formado em Administração de Empresas, Júnior Pedroso é o CEO da 4ComM, empresa fundada há 10 anos. Ele é um dos principais empresários do futebol brasileiro e já movimentou bilhões de reais em negócios de vendas de jogadores. O empresário trabalhou com grandes nomes do futebol brasileiro, como Neymar, França - em parceria com o empresário Wagner Ribeiro -, além dos atuais Gabigol, Lucas Moura, Antony e Alexandre Pato.
Pedroso começou sua carreira como empresário de futebol em 2006, logo após a Copa do Mundo da Alemanha, por influência de seu primo Wagner Ribeiro, outro famoso agente do ramo, com uma lista de clientes que inclui Vanderlei Luxemburgo.
Antes de se meter no mundo dos negócios de atletas, Júnior Pedroso ficou responsável por uma parte da reestruturação administrativa da empresa do primo, organizando toda a parte de arquivos de jogadores, um sistema de informação que até então não existia.
“Também fui ajustando toda a parte financeira e de relacionamento com atleta. Então, eu comecei a trabalhar lá com uma parte mais administrativa e com o tempo eu fui entrando no futebol e fui prestando atendimento para alguns clientes mais jovens”, iniciou Pedroso, em entrevista exclusiva para o Terra.
“Acho que o primeiro contato com o cliente que eu tive foi numa reunião com o [ex-dirigente Nesi] Cury e o advogado do Corinthians, o [João] Zanforlin, lá no Centro de Treinamento do Corinthians. Eu como corintiano fiquei muito emocionado”, relembra.
O começo no futebol brasileiro
Pedroso revelou que um de seus primeiros clientes foi o meia Gabriel Xavier, que na época estava na Portuguesa. Ele foi um dos destaques da equipe que foi rebaixada e, posteriormente, acabou sendo contratado pelo Cruzeiro, antes de se aventurar no Japão.
“A gente fez um planejamento para conseguir dar um salto com ele, era um movimento muito importante ali para o nosso negócio. Conseguimos levá-lo para o Cruzeiro em colaboração com o Gabriel Pensador. E depois do Cruzeiro, ele teve algumas passagens no Brasil, como no Sport e no Vitória. Foram dois bons projetos”.
Para quem pensa em entrar nesse meio, Pedroso deu algumas dicas. Para ele, o desenvolvimento de um negócio pode lidar de diversas formas, sendo a mais comum delas é identificar os jogadores que estão no mercado.
“Em janeiro - que é uma janela de inverno na Europa, não é uma janela tão boa, mas, em alguns países, é a janela principal, como no Brasil e no Japão -, a gente começa a identificar os nossos talentos aqui e, a partir, fazemos uma identificação de mercado para, depois disso, começar a falar com os clubes”, explicou.
Nesse sentido, é importante ter um entendimento sobre valores de transferência. Quanto seu atleta vale, quanto se pode pedir em termos de salário. Mas, além disso, é importante entender quais são os clubes que se adequam a essas condições.
“Situações econômicas e que o jogador poderia se dar bem no estilo de jogo, país, etc, dependendo da liga que ele joga, que time que poderia entendê-lo como opção. E aí a gente começa a tentar dar o 'match', a gente começa a falar com alguns clubes e, óbvio, o negócio pode surgir daí, os clubes começam a observar o jogador, começam a avaliar. Às vezes alguns jogadores vão para o shortlist do clube e esse negócio pode se desenvolver, assim como foi o caso do Antony”, argumentou.
Os sucessos com Antony e Gabigol
Com sucesso no ramo, aos poucos Pedroso foi atuando com atletas mais jovens e conseguiu clientes importantes como Lucas Moura, atualmente no São Paulo, Dodô, que pertence ao Santos, e Gabigol, ídolo do Flamengo.
“A gente só foi entender que a gente estava ganhando uma posição bem importante dentro da esfera nacional quando a gente emplacou o Gabigol para o Flamengo. Foi um negócio grande porque houve uma transferência ali de quase 18 milhões de euros (R$ 83,5 milhões na cotação da época)”, relembrou.
Gabigol ficou no Flamengo sendo um dos maiores salários do futebol brasileiro, bem como deixou sua marca no clube, fazendo gols nas duas conquistas de Libertadores e se tornando ídolo.
No Brasil, os caminhos já estavam traçados e Júnior Pedroso tinha deixado seu nome registrado nas transferências, mas logo também veio uma de impacto: a transferência de Antony para o Manchester United, por mais de R$ 504 milhões.
“A gente fez a transferência do Anthony para o Manchester United que foi considerada a segunda maior transferência do clube, uma das principais da Premier League e a maior da Holanda. Ali a gente selou um ponto importante da nossa agência num cenário global com essa transferência. Certeza que agora a gente é conhecido por vários agentes e várias pessoas no mundo do futebol”, celebrou.
Uma das transferências que também marcaram a conexão entre brasileiros e clubes europeus foi a ida de Lucas Moura ao Tottenham. Sem espaço no PSG, o brasileiro partiu para a Inglaterra e também deixou sua marca, com três gols em uma classificação inédita dos Spurs para a Champions League.
Posteriormente, Lucas deixou o futebol europeu para retornar as suas origens e levou o São Paulo para uma conquista inédita da Copa do Brasil, também sendo empresariado por Pedroso.
Para quem quer entrar na área
Para Pedroso, hoje está muito mais propenso para novos empresários terem sucesso no ramo do que em outras épocas. "É preciso prestar prova da Fifa, com questões relacionadas a legislação do futebol, e você passa a estar habilitado a atuar com futebol legalmente, mas isso não quer dizer que, tendo a certificação, você será um agente Fifa, porque você só passa a trabalhar quando tem clientes para isso", ponderou.
“E você pode ter uma carteira de muitos clientes que não geram negócio, porque isso só vai gerar despesa e a sua empresa. Para ter o equilíbrio financeiro, é preciso conseguir transferências. Eu acho que o cara pode começar do zero, e o caminho mais correto para isso seria ele iniciar o trabalho com uma agência já existente, seja ela uma pequena, média ou grande agência, para ele poder buscar o know-how e o conhecimento sobre toda a perspectiva do negócio, toda a cadeia que envolve desde a área de captação dos clientes jovens, atendimento, desenvolvimento do marketing dentro da sua carteira de cliente, a parte jurídica, a parte contábil, a parte negocial e pegar também o conhecimento dessas pessoas que trabalham com futebol”.
“Começar a entender quem são os diretores dos clubes, diretores das categorias de base, diretores dos clubes profissionais. Como funcionam os clubes lá de fora, os diretores desses clubes, falar com treinadores, ter bons relacionamentos lá fora... Então, óbvio, a partir do momento que você começa a trabalhar com futebol, você vai entender toda a cadeia e as pessoas que você precisa falar para poder desenvolver o negócio", afirmou, antes de concluir:
“No nosso caso, somos uma agência que tem clientes e fazemos gestão de carreira, mas o caminho mais curto para o cara se dar bem é iniciando o trabalho com algum outro agente e adquirindo ali mais conhecimento para isso. Porque não é fácil começar do zero, sem conhecer ninguém, sem ter rede de relacionamento, sem entender os processos, isso pode custar muito caro. Já vi diversas agências com dinheiro fecharem por não conseguir tornar o negócio sustentável”, concluiu.