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Quem são os ex-executivos da Americanas foragidos da polícia e incluídos na lista da Interpol

Ex-executivos do grupo tiveram ordens de prisão preventiva expedidas e estão na lista da Intepol; eles não foram localizados pela Polícia Federal porque moram no exterior

27 jun 2024 - 12h37
(atualizado às 15h42)
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A 10ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva do ex-CEO da Americanas, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, e da ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali. Os mandados de prisão não foram cumpridos, no entanto - eles não foram localizados pela Polícia Federal (PF) porque moram no exterior. A PF considera os dois foragidos e incluiu seus nomes na lista de Difusão Vermelha da Interpol, relação dos mais procurados da polícia internacional.

Miguel Gutierrez é engenheiro. Ele entrou na Americanas no ano de 1993 e passou por diversas áreas, tais como operações e logística, antes de chegar ao cargo de presidente da companhia no ano de 2001. Ele permaneceu no cargo até dezembro de 2022, ficando mais de 20 anos à frente da empresa, dando lugar a Sergio Rial, ex-presidente do Santander, que, um mês depois, em janeiro de 2023, revelou haver um rombo bilionário na empresa.

Sempre com um perfil discreto, Gutierrez se mantém longe das redes sociais e raramente concedia entrevistas. Ele era tido como o homem de confiança de Carlos Alberto Sicupira, que faz parte do trio de acionistas de referência da companhia com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.

Gutierrez nasceu em 1961 no Brasil e tem dupla cidadania espanhola. Como executivo, também trabalhou como gerente de produção da Michelin entre 1986 e 1988. No ano seguinte, entrou na Casa da Moeda, onde foi superintendente de recursos humanos e diretor técnico até 1993.

Quem é Anna Saicali

Anna Saicali é formada em artes plásticas pelo Mackenzie e finanças corporativas pela New York University. Ela entrou na Americanas em 1997 como diretora responsável pelas áreas de gente e tecnologia. Em 2004, foi alçada à diretora presidente da B2W Digital, resultado da incorporação da Submarino.com com a Americanas. Em 2018, se tornou presidente do Conselho de Administração ao mesmo tempo que estava à frente da Ame Digital, a carteira digital da varejista.

Segundo informações do mercado, ela foi responsável pela aquisição do Shoptime em 2005 e pela fusão com o Submarino em 2006, que resultou na criação da B2W, o braço de varejo digital do grupo. Ficou à frente da B2W como CEO até 2018 e como presidente do Conselho de Administração até 2021. Também fundou e foi CEO da AME, a plataforma fintech da Americanas, de 2021 a 2023.

Anna foi afastada de suas funções no dia 3 de fevereiro, mês seguinte à divulgação do rombo bilionário da empresa por Sérgio Rial. Atualmente, ela se define como autônoma e investidora anjo de startups.

Um fato relevante emitido no dia 13 de junho de 2023 pela Americanas afirmava que um relatório feito pelo setor jurídico das Americanas apontava fraude nas inconsistências contábeis apontadas por Rial. "Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da Companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas", informava o fato relevante entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O mesmo fato relevante indicava textualmente a participação de Miguel Gutierrez e Anna Saicali no esquema. Gutierrez negou as acusações. No dia em que seria ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, aberta para investigar o rombo nas Lojas Americanas, Anna se valeu de um habeas corpus para ficar em silêncio.

Segundo as investigações, rombo contábil da Americanas chegou a R$ 25,3 bilhões; Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 27, a Operação Disclosure, para investigar a suposta participação de ex-diretores.
Segundo as investigações, rombo contábil da Americanas chegou a R$ 25,3 bilhões; Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 27, a Operação Disclosure, para investigar a suposta participação de ex-diretores.
Foto: Mônica Zarattini/Estadão / Estadão

Denúncias

As investigações que resultaram na Operação Disclosure nesta quinta-feira contaram com apoio técnico da CVM. Segundo denúncia do Ministério Público Federal do Rio apresentada à Justiça, os dois ex-executivos teriam praticado fraudes contábeis, supostamente antecipando o pagamento a fornecedores por meio de empréstimos bancários, o que é conhecido no mercado como operações de risco sacado.

As investigações indicam ainda fraudes na Verba de Propaganda e Publicidade Cooperada (VPC). Trata-se de uma quantia recebida dos fornecedores e paga para as empresas atacadistas e varejistas. É uma forma de restituir, em parte, os gastos que essas empresas têm com agências de propaganda e publicidade. Segundo as investigações da Polícia Federal, esses contratos nunca existiram.

A denúncia indica ainda indícios de uso de informação privilegiada, associação criminosa, lavagem de dinheiro e prática de crime de manipulação de mercado.

Os dois mandados de prisão preventiva são parte da Operação Disclosure, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 27, para investigar a suposta participação de ex-diretores da empresa em fraudes contábeis de R$ 25,3 bilhões. Cerca de 80 agentes foram às ruas para cumprir os dois mandados de prisão preventiva contra os dois ex-diretores e 15 mandados de busca e apreensão nas casas de outros ex-diretores no Rio de Janeiro. A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores, em quantia superior a R$ 500 milhões, segundo comunicado da PF.

Estadão
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