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Questão ambiental será decisiva em acordos de comércio, diz brasileiro diretor-geral da OMC

Roberto Azevêdo, que deixa o cargo no fim do mês, afirmou que o momento político não é o 'mais favorável' para a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia

4 ago 2020 - 15h47
(atualizado às 15h59)
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BRASÍLIA - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC),

Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, participa de coletiva de imprensa em Genebra, Suíça
23/07/2020
REUTERS/Denis Balibouse
Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, participa de coletiva de imprensa em Genebra, Suíça 23/07/2020 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

, disse nesta terça-feira, 4, que a questão ambiental será decisiva nas negociações comerciais nos próximos anos.

"Qualquer grande acordo mundial no futuro incluirá questão ambiental. Na OMC, começam a falar de negociações que levem questão ambiental em consideração. Ela não vai sumir e temos que estar preparados para lidar com ela de maneira construtiva e crível", afirmou.

Azevêdo, que deixa o cargo no fim do mês, ressaltou que o momento político não é o "mais favorável" para a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que ainda depende de análise dos parlamentos dos países de cada bloco.

Uma das críticas dos europeus ao acordo é justamente em relação ao Brasil e o temor de que leve ao aumento do desmatamento no País. O diretor-geral recomendou que os negociadores procurem "pensar no longo prazo", mas sem perder o senso de urgência.

Em evento virtual organizado pela Câmara de Comércio Internacional no Brasil (ICC Brasil) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Azevêdo disse ainda que a pandemia do coronavírus não acabará com a globalização, mas deverá trazer mudanças para o comércio internacional e o relacionamento entre os países.

Ele afirmou que a "nova cara" da globalização passará por uma reconfiguração das cadeias globais de valor, com as corporações tentando reduzir as dependências em relação a um só insumo, um só fornecedor ou uma só região.

"A pandemia expôs o risco de concentração da produção. As cadeias de produção serão ampliadas e o Brasil pode se aproveitar de oportunidade. Mas tem que ter competitividade", acrescentou.

O diretor-geral ponderou que o discurso antiglobalização continuará no futuro imediato. "Há um crescimento de frustração nas populações, sobretudo na classe média, que encontra no comércio exterior um bode expiatório para questões como o desemprego. A causa do desemprego é o avanço tecnológico, atacar a globalização não resolve o problema."

Comércio

Para Azevêdo, a pandemia do coronavírus levará o comércio internacional a sofrer "inevitavelmente" um grande baque em 2020. A previsão dos economistas da entidade é de perda de 13% neste ano. "Isso é pior do que na crise de 2008/2009, pior do que isso só na Grande Depressão."

Ele acredita que o eixo EUA- China continuará ditando a política internacional nos próximos anos, mesmo após o coronavírus. E lembrou que a disputa entre as duas potências vinha causando tensões mesmo antes da pandemia. "EUA e China se veem como rivais, sobretudo o lado norte-americano, e têm modelos políticos diferentes. Isso leva a tensões. Houve desaceleração econômica em 2019, já resultado de tensões entre EUA e China", completou.

Estadão
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