Questão climática é prioridade nas negociações entre o Brasil e a China, diz Marina Silva
Durante visita à China, ministra ressaltou que os países terão ampla cooperação na proteção de florestas e transição energética
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a crise climática, a proteção ao meio ambiente e a busca pelo desenvolvimento sustentável estão sendo colocadas “no mais alto nível de prioridades” em meio às negociações do Brasil e da China.
Em pronunciamento, na China, nesta sexta-feira, 14, a ministra adiantou que será criado um subcomitê na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) para tratar sobre as questões ambientais. A oficialização virá em um comunicado conjunto entre os países. A expectativa é que o documento oficial seja divulgado nos próximos dias.
Segundo a ministra, a cooperação será ampla em relação à floresta e à transição energética. Ao passo que considera o Brasil com um grande potencial para geração de energia limpa, Marina Silva reconhece a experiência de reflorestamento da China, com histórico de reflorestar uma área de cerca de 70 mil hectares.
Marina Silva reafirmou os compromissos com o desmatamento zero firmados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a preocupação dos dois países em alcançar os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.
Comissão entre Brasil e China
A comissão da parceria estratégica entre o Brasil e a China foi criada em 2004 com dez subcomissões temáticas, sem dar foco à pauta ambiental. Os grupos estabelecidos, até então, são: Política; Econômico-Comercial e de Cooperação; Econômico-Financeira; Indústria, Tecnologia da Informação e Comunicação; Agricultura; Temas Sanitários e Fitossanitários; Energia e Mineração; Ciência, Tecnologia e Inovação; Espacial; e de Cultura e Turismo.
Durante a reunião da Cosban em 2022, conforme divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, o então vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. O comércio bilateral entre os países cresceu de US$ 9 bilhões em 2004 para mais de US$ 135 bilhões em 2021.
Sendo assim, o Brasil é o país que recebe mais investimentos chineses na América Latina, concentrando 47% do total na região. O acumulado de investimentos entre 2007 e 2020 é de US$ 66 bilhões.
Brasil na China
De acordo com Marcos Galvão, o embaixador do Brasil na China, durante a visita de Lula ao presidente chinês Xi Jinping foram assinados 13 atos em uma declaração conjunta de parceria. Ele também ressaltou que há fortes compromissos firmados com relação à área ambiental.
“A decisão concretiza as relações entre o Brasil e a China para um novo patamar. Do ponto de vista simbólico e político, a visita do Estado falou por si só”, afirmou o embaixador.
Lula não deu declarações públicas na noite desta sexta-feira, na China, pois sua programação se estendeu mais do que o previsto. Durante a manhã, porém, o presidente afirmou que “ninguém vai proibir o aprimoramento” das relações entre os dois países.
A declaração foi dada em resposta às possíveis pressões dos Estados Unidos com essa aproximação do Brasil com a China. Isso porque os países têm como proposta acordos comerciais bilaterais com conversão direta da moeda, utilizando a moeda local ao invés do dólar.