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Raízen avalia desinvestimentos, pode "reclicar" ativos de eletricidade no futuro

24 mai 2023 - 13h18
(atualizado às 15h54)
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A Raízen está estudando oportunidades de desinvestimento e atração de parceiros estratégicos, a fim de alavancar seu balanço e potencializar o crescimento em suas diferentes unidades de negócio, disseram executivos da companhia nesta quarta-feira.

Segundo o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, não foram estabelecidas metas para esse plano de "reciclagem de portfólio", e eventuais ações nesse sentido seriam tomadas "com muito rigor" e sem afetar a estratégia de longo prazo da companhia.

"Temos muitos ativos que conseguimos monetizar, ou com 'JV'. Isso para mim, nesse cenário de juros altos e de ciclo de investimentos, é uma das prioridades", disse o executivo, durante reunião com investidores e analistas.

A companhia atua na produção de etanol, açúcar, energia renovável, além de ser uma das maiores distribuidoras de combustíveis no Brasil.

Mussa não revelou detalhes sobre ativos que poderiam ser colocados à venda, e disse que o "tamanho do esforço" dos desinvestimentos dependerá de diversos fatores, como o andamento da safra de cana deste ano, que vem se mostrando "melhor que o imaginado".

Em coletiva de imprensa, Mussa indicou que a companhia pode buscar novos parceiros para a Raízen Power, marca recém-lançada para negócios no setor elétrico que já tem parceria com o Grupo Gera para geração de energia distribuída.

"Na área de energia e power, o intuito de trazer alguém é acelerar o processo (de crescimento), conseguir fazer mais sem machucar o balanço da companhia", afirmou ele.

Lançada no início deste mês, a Raízen Power pretende ser "protagonista" no fornecimento de energia elétrica e soluções de descarbonização. A meta é alcançar 6 milhões de clientes, de todas as classes e portes de consumo, e triplicar o Ebitda, que atualmente é de 1 bilhão de reais por ano.

Frederico Saliba, vice-presidente de Energia e Renováveis da Raízen, afirmou que o prazo para alcançar esses números dependerá de avanços regulatórios, sobretudo para a liberalização do mercado de energia a um universo maior de consumidores, permitindo que a Raízen aproveite sua força de vendas e ampla carteira de clientes.

Mussa apontou que a companhia enxerga a geração de energia elétrica mais como um "meio" para conquistar novos clientes para a Raízen. Segundo ele, a companhia não deve alocar grandes volumes de capital nessa área, e pode inclusive "reciclar" ativos no futuro.

"Na geração de energia a gente tem pouca vantagem competitiva, construção de planta solar, eólica... A gente vai fazer? Vai sim, mas a nossa fortaleza é ter muito cliente, sabemos lidar com isso."

ETANOL 2ª GERAÇÃO

Os executivos do grupo reforçaram ainda a aposta no etanol de segunda geração (E2G) --feito a partir do bagaço da cana, resíduo do processo de fabricação do etanol comum e do açúcar--, dizendo que o negócio é "transformacional" para a companhia e deverá consumir grande parte do Capex de expansão projetado para o futuro.

A Raízen tem uma planta de E2G em operação e outras cinco usinas em construção, cada uma com capacidade de produção de 82 milhões de litros e Capex estimado em 1,2 bilhão de reais. A segunda unidade de E2G está prevista para entrar em operação ainda neste ano e deverá incorporar melhorias em relação à planta pioneira.

Segundo Mussa, o mercado ainda não precifica o potencial desse novo negócio para o crescimento da Raízen. "A cada dia que passa estamos mais perto, no momento que começar a aparecer resultado no 'bottom line' da companhia, não tem como o mercado fechar o olho para isso".

O etanol de segunda geração têm um prêmio de sustentabilidade em relação ao tradicional, e a companhia tem firmado já vários contratos de fornecimento do produto.

No final do ano passado, a Raízen anunciou a assinatura de um contrato com a Shell, sócia da Cosan na companhia, para comercialização de etanol celulósico de segunda geração, produzido a partir da biomassa da cana, viabilizando a construção de cinco novas plantas do combustível.

O acordo prevê a entrega à Shell de 3,3 bilhões de litros do combustível até 2037, gerando uma receita de, no mínimo, 3,3 bilhões de euros, segundo a Raízen.

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