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Ramos deve fazer parte de reuniões que definem Orçamento

Intitulado de JEO, colegiado é o responsável por tomar as principais decisões sobre os recursos no governo

10 set 2020 - 06h01
(atualizado às 07h29)
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A ala militar do governo está próxima de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, deve passar a integrar a Junta de Execução Orçamentária (JEO), colegiado responsável pelas principais decisões do Orçamento e que é hoje formada apenas pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Walter Braga Neto.

Ministro Luiz Eduardo Ramos
22/04/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro Luiz Eduardo Ramos 22/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Com a inclusão, os ministros militares do Palácio do Planalto passam a ser maioria na JEO, com poder de fazer prevalecer suas decisões ante as posições do ministro Paulo Guedes e sua equipe.

Antes do governo Jair Bolsonaro, a JEO era formada pelos ministros da Fazenda, Planejamento e Casa Civil. Com a criação do Ministério da Economia, que abocanhou o Planejamento, a JEO ficou com apenas dois ministros.

O colegiado toma as principais decisões sobre recursos no governo federal, inclusive sobre a liberação de emendas que fazem parte das negociações políticas com parlamentares para a aprovação de pautas de interesse do governo no Congresso.

Segundo apurou o Estadão, a inclusão da Secretaria de Governo atende à articulação política do governo necessária quando se trata de Orçamento, permitindo também o desempate.

Nos últimos meses, a JEO foi palco de atritos entre os ministros por conta por conta da elaboração da proposta de Orçamento de 2021 e da divisão dos recursos. Um ponto que gerou fricção foi a pressão por mais dinheiro para o Ministério da Defesa, inclusive com a proposta de adiar o Censo marcado para 2021, com o objetivo de irrigar recursos para a área militar.

Outro tema de embates foi a divisão de recursos para o chamado Plano Pró-Brasil de investimentos ainda em 2020. Guedes queria limitar os gastos a R$ 4 bilhões, mas a conta acabou ficando em R$ 6,5 bilhões, como revelou o Estadão, para contemplar todas as demandas dos ministérios da Infraestrutura, do Desenvolvimento Regional e do próprio Congresso Nacional.

O Palácio do Planalto reclama que o ministro Guedes não liga para o cálculo político e tem atrapalhado nas negociações. Já os técnicos da área econômica veem com grande preocupação as mudanças, que podem incentivar aumento de gastos e novas concessões.

Em conferência nesta quarta-feira, 9, o ministro Guedes disse que está agora "enquadrado em um regime de comunicação política regular, acabou meu voluntarismo". A área econômica vê, porém, como positivo para a pauta econômica a maior articulação política do governo com as lideranças dos partidos, sem a dependência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Distorção

Não é de hoje que a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, queria integrar a JEO. A pasta vinha buscando seu assento há algum tempo, justamente por entender que precisa ter poder de voto para deliberar sobre as emendas parlamentares.

O ingresso da pasta, porém, é visto como uma distorção no desenho da junta orçamentária, hoje calcado em dois pilares: o de limites técnicos (orçamentários e financeiros), defendido pela Economia, e outro das demandas de política pública, incorporado pela Casa Civil.

No ano passado, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub garantiu lugar privilegiado nos momentos decisivos da divisão do bolo de recursos do Orçamento de 2020. Nas reuniões finais da JEO para bater o martelo sobre o projeto de Lei Orçamentária do ano que vem, Weintraub participou como convidado e pôde fazer uma pressão corpo a corpo por mais dinheiro. Ela conseguiu aumentar em R$ 5 bilhões os recursos previstos no Orçamento. Como revelou à época o Estadão, a participação de muitos técnicos e ministros de fora da JEO nas reuniões incomodou a área econômica, dada a sensibilidade dos temas tratados nos encontros.

Estadão
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