Recorde nas vendas de carros seminovos eleva risco de inadimplência
De acordo com especialista, concessionárias não devem esperar mais de um mês para tomar providências em caso de falta de pagamento do carro.
A pandemia trouxe restrição de matéria-prima para a indústria automotiva e uma das consequências foi a alta nas vendas de carros usados. Com isso, sobe também a opção pelo financiamento do carro próprio.
De janeiro a agosto deste ano, foram comercializados 10 milhões de veículos seminovos no país, maior patamar desde 2004, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Além disso, conforme relatório da B3 (Bolsa de Valores do Brasil), a opção pelo pagamento financiado cresceu 20% em março, na comparação com o mesmo mês de 2020.
Apesar de órgãos como Serasa Experian apontarem que o financiamento é um compromisso financeiro com taxas relativamente baixas de inadimplência (10% em média), esse número tende a subir com a entrada de mais consumidores nesse mercado.
"Os seminovos desapareceram das concessionárias devido à alta procura, e esse comprador tem realizado inúmeras negociações para encaixar o bem no orçamento doméstico. O volume de negociações nas concessionárias é recorde em relação aos últimos 10 anos, mas vemos a taxa de inadimplência subir na mesma medida", alerta a advogada Edijane Ceobaniuc, da Reaver Cred.
Ela explica que, em caso de não recebimento, as concessionárias pecam em não gerenciar as dívidas a receber de forma organizada e próxima.
Isso porque o prazo para levar o caso à Justiça é de três meses - mas esse é um período longo demais, na opinião da profissional, para tomar providências.
"Não é preciso esperar tanto tempo para tomar medidas, que, após esse período, serão drásticas, como a retenção do carro. Porém, depois desse tempo considerável, pode ocorrer de o comprador esconder o carro para não precisar devolver, e esperar a prescrição do caso. Não se pode esperar. Existem medidas mais moderadas, como terceirizar a cobrança, que trazem maior agilidade e eficácia", sugere a advogada.
Logo após 30 dias de atraso, ela sugere tomar providências, para não deixar a "bola de neve" crescer. E os melhores resultados, segundo a profissional, vêm da cobrança humanizada, que entende o lado do devedor e gera empatia com ele, proporcionando uma maior efetividade na cobrança do crédito.